Manuel Joaquim
As pessoas falam e discutem muito as proezas do FCP, particularmente o seu desempenho no futebol, mas não fazem a menor ideia do que é, realmente, o FCP, para além dos jogos de futebol.
O FCP é, hoje, um poderoso grupo económico, financeiro e social, do qual dependem economicamente, directa e indirectamente, muitas empresas e largas centenas de trabalhadores, com uma influência muito importante em quase todas as vertentes da sociedade. O FCP SAD, sociedade anónima desportiva, com acções admitidas à Bolsa de Valores, tem obrigações legais que têm de ser rigorosamente cumpridas, tal como qualquer banco ou qualquer empresa cotada na Bolsa de Valores, o que exige um grau de organização muito elevado. O FCP foi o primeiro clube português a assinar uma convenção colectiva de trabalho.
É interessante conhecer a história do FCP, desde a sua fundação em Setembro de 1893, os locais onde praticou as suas actividades, o seu desenvolvimento e consolidação e a realidade actual.
O primeiro campo utilizado foi o chamado campo da Rua da Rainha, hoje, Rua de Antero de Quental, que se situava próximo à Rua da Constituição, junto à antiga Fábrica de Salgueiros, (cujos terrenos foram ocupados por construções e pela Rua Damião de Góis) que muito mais tarde foi utilizado para os primórdios do Clube de Ténis do Porto, hoje instalado em terrenos dessa antiga fábrica.
Mais tarde, o FCP passou a utilizar o campo da Constituição que se identificava com a sigla inglesa - Foot-ball Club do Porto - e que ainda hoje se mantém na fachada do edifício, felizmente, recordando as origens do FCP e do futebol.
Neste campo, praticavam-se modalidades desportivas que ao longo dos anos deram muito prestígio ao clube: futebol, andebol de 11 e de 7, atletismo, hóquei em campo, hóquei em patins, voleibol, basquetebol, ginástica, patinagem.
Recordo que o primeiro espectáculo sobre gelo (Holliday on ice) que se realizou na cidade do Porto foi no Campo da Constituição.
Por este campo passaram homens que marcaram épocas e fazem parte da história do FCP. Yustrich, (fizeram-se emblemas em ouro e em prata com o “Y” de Yustrich em seu apoio) Pedroto, Barrigana, Hernâni, Virgílio, Miguel Arcanjo, Jaburu, Monteiro da Costa, Henrique Fabião, Vareta, Dias, Teixeira, Noronha Feio, Ermelindo Bentes, e tantos outros.
É justo realçar o nome de Artur Baeta pelo que fez e pelo que deixou de semente no clube. Antes das obras que se realizaram recentemente no Campo da Constituição, sobre a porta de entrada, encontrava-se uma placa que dizia “Escola de Formação Artur Baeta”.
Em Maio de 1952, foi inaugurado o Estádio das Antas. Muitos milhares de pessoas ocorreram ao estádio e a toda a zona. Era praticamente impossível circular a pé na Avenida de Fernão Magalhães e na Praça Velásquez, nome dado ao grande jardim das Antas em homenagem ao grande pintor espanhol Diego Rodrigues da Silva Y Velásquez em virtude de seu pai ser originário da cidade do Porto. Era a demonstração viva do impacto na cidade e em toda a região daquela construção, resultante do prestígio e influência económica e social cada vez maior do FCP.
O estádio do Dragão foi inaugurado em Novembro de 2003, depois de muitas vicissitudes apresentadas pela Câmara Municipal do Porto, presidida por Rui Rio. Pode dizer-se que foi uma data festiva para a cidade do Porto pela quantidade de gente presente, dentro e fora das instalações. O fogo-de-artifício à volta da figura do dragão foi muito apreciado.
Contrariamente ao que aconteceu noutras cidades e com outros clubes, o FCP tinha absoluta necessidade de um novo estádio em virtude do grau de envelhecimento e de perigo das infra-estruturas do velho estádio das Antas e pela utilização que lhe dá. É uma pena não ter pista de atletismo e de ciclismo como originalmente tinha o estádio das Antas que, infelizmente, veio a perder por motivos oficialmente invocados na altura.
É um estádio muito bonito, enquadrado no meio e agradável. Na parte nascente, junto aos bares de apoio, existe um painel de azulejos do Mestre Júlio Resende, com a figura do Dragão, enquadrado por azulejos com nomes e números de sócios que certamente contribuíram para a obra. Está num lugar perfeito para ser apreciado por muitas pessoas. Nas colunas do recinto estão afixados grandes cartazes que apelam ao asseio, “Um Dragão não suja o Chão” (?). De facto, não se vê nada no chão. Nem pipocas, que se vendem aos montes, e se alguma cai, vê-se a ser apanhada, quase sempre por uma criança.
É aqui que o FCP tem, e pode ter ainda mais, um papel fundamental na educação de muitos jovens e seus familiares.
O FCP dispõe de uma estrutura virada para a aprendizagem e prática do futebol, para jovens dos 4 aos 14 anos, de grande qualidade.
O campo da Constituição sofreu grandes transformações e hoje chama-se Vitalis Park. Dispõe da Escola Dragon Force e do chamado Espaço Aberto. Neste Espaço Aberto, as crianças e jovens são permanentemente acompanhadas não só nas suas actividades desportivas mas também nas suas actividades escolares e familiares. O Espaço Aberto dispõe de instalações adequadas e de profissionais qualificados: treinadores, médicos, psicólogos, nutricionistas.
O FCP já dispõe, neste momento, de escolas de futebol Dragon Force, para além da acima referida, em Braga, Grijó, Ermesinde, Lisboa, Viseu, Valadares, Madeira, Famalicão e Custóias.
O FCP dispõe ainda de uma outra estrutura, a “Casa Dragão” , que depende directamente do Departamento Pedagógico, “cujo objectivo é acolher e integrar atletas ao serviço do clube entre os 13 e os 19 anos que revelem potencial para evoluir no sentido da alta competição e cuja área de residência e/ou meios de transporte lhes dificulte o acesso aos treinos, à competição e à escola”.
Já não estamos no tempo em que os jovens se dirigiam, ao campo da Constituição, aos fins de tarde, quando vinham, sobretudo, do trabalho, para mostrarem as suas habilidades para o futebol a Artur Baeta.
2 comentários:
Simplesmente Fantástico!!! :D
Muito Bom!!
Uma aula de história do futebol, quer dizer do grande FCP.
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