Mercúrio, Vênus, Terra e Marte
(tamanhos comparativos, da esquerda para a direita) - Wikipédia
Circula o rumor de que o presidente dos EUA, Barack Obama, poderá, em breve, desafiar os americanos e impressionar o mundo com a marcação da primeira viagem humana a Marte.
Se o rumor se confirmar Obama seguirá, assim, o exemplo do anterior presidente John Kennedy que, no ano de 1961, em plena corrida espacial com a União Soviética, fez o célebre discurso:
"Eu acredito que a nação deve comprometer-se para alcançar o objectivo, antes do fim da década, de aterrar o Homem na Lua e fazê-lo voltar em segurança para a Terra"; (e noutro discurso): "Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis".
Em 20 de Julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin, sujavam as suas botas no pó lunar.
A geografia política do mundo, entretanto, mudou muito, pelo menos nas coisas do espaço a competição deu lugar à cooperação, o que levará então Obama a dar um novo e ainda mais ousado passo em frente?
Um motivo cínico poderia ser a quebra do seu índice de popularidade nas sondagens; outro poderia ser desviar as atenções da crise financeiro-económica; mas se o indispensável consenso político se estabelecer em volta de um prazo para o desembarque em Marte, tal implicará a afectação ao projecto marciano de enormes recursos financeiros que de outro modo seriam negados, criando grandes expectativas de resultados, em termos de negócios e de avanços científicos e técnicos, do longo programa de exploração, ao mesmo tempo que elevará o espírito da União e reafirmará a liderança americana do mundo.
Não deixa de ser curioso que a Agência Espacial Europeia já em 2001 haja fixado o prazo de uma expedição humana a Marte até 2030, mas uma União Europeia politicamente a marcar passo não galvaniza ninguém…
Os desafios e perigos de uma viagem ao planeta vermelho são tremendos. Marte não está "logo ali" como a Lua, a cerca de 400.000 km., mas sim a dezenas ou centenas de milhões de quilómetros, conforme a sua posição relativa em órbita. Isso implicará, com a tecnologia actual, uma viagem de ida e volta de cerca de 2 anos, durante a qual e também no acampamento em solo marciano, a tripulação terá que ser, praticamente, auto-suficiente. Uma tão longa viagem coloca, entre outros, problemas de relação entre os membros da tripulação em espaço confinado, e supondo uma distância média de 75 milhões de quilómetros, a comunicação com o centro de controlo em Terra deixa de ser praticamente imediata, como acontece nas viagens lunares, passando a demorar cerca de 8 minutos (4 para lá e 4 para cá). Além disso, o clima marciano não é agradável, sendo as temperaturas muito variáveis e geralmente negativas.
Porquê Marte? A Agência Espacial Europeia responde que é o planeta do sistema solar mais parecido com a Terra e que as recentes indicações da presença de água dão a possibilidade de se encontrarem indícios de vida.
Pessoalmente, impressiona-me mais a robotização e a criação de inteligência artificial do que viagens épicas. Mas sem sombra de dúvida que para além das razões de grupo ou de nação com que nos dividimos, está na nossa natureza a permanente busca do desconhecido, pelo que o título deste texto bem poderia ser "atrás do destino".
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