A dependência
Portugal importa, pelos indicadores de 2005, cerca de 85% de toda a energia primária que consome, representando o petróleo quase 60%.
As soluções não são óbvias. Para além do desenvolvimento necessário da energia da água, do sol e do vento, e dessa “nova energia” chamada eficiência energética, resta a aposta na energia nuclear (que abordarei no próximo número). No entanto, todas estas fontes de energia, a água, o sol, o vento e a nuclear, destinam-se, basicamente, a produzir electricidade, não se aplicando, na época actual, à generalidade dos transportes e a diversas actividades industriais (plásticos, p. ex.). Pode-se, também, investir mais no gás natural para produção de electricidade, mas isso apenas diversifica e não diminui a dependência.
A eficiência
Embora, pelos indicadores de 2004, Portugal consuma menos energia por habitante (0,106) do que a União Europeia (0,165) e do que, por exemplo, a Espanha (0,159) ou a Grécia (0,136), a verdade é que tem um problema de “intensidade energética”, factor que estabelece a relação entre a energia dispendida e a produção nacional (PIB): nos últimos 20 anos o aumento médio do consumo de energia foi superior a 4% ao ano, ou seja, aumentou sistematicamente a um ritmo superior ao crescimento da economia. Em 2005, apesar do crescimento do PIB ter ficado abaixo de 1%, o consumo de electricidade cresceu quase 6%.
Para além, naturalmente, de maior crescimento económico, a primeira coisa que Portugal tem que fazer é apostar na eficiência energética, a qual, segundo os especialistas, pode levar à redução de cerca de 20% da energia utilizada no país.
Em primeiro plano têm que estar medidas de poupança de energia não só ao nível da construção, restauro e utilização de edifícios, como ao nível dos transportes. Em Portugal tem imperado a lógica do transporte rodoviário e individual. É preciso agora investir no transporte público, privilegiando o movido a electricidade, e distinguir o que é efectuado ao serviço da economia, do transporte particular. E é preciso, também, investir na investigação e inovação.
O ambiente
Portugal não conta para a solução ambiental do planeta. Pelo último indicador conhecido (2006), emite uns insignificantes 0,2% do dióxido de carbono mundial. Em 2004, só os EUA e a China emitiram, juntos, cerca de 40%. Somando a Rússia, Japão e Índia, emitiram cerca de 55%. A União Europeia (2006) emite cerca de 16%. Em 2004, o país da UE com maior emissão foi a Alemanha (3,2%). Mesmo a França, que é o 2º. maior produtor de energia nuclear, a seguir aos EUA, emitiu 1,5%. Em conjunto, 23 países emitiram 82% e os restantes 192 países emitiram 18%. Em termos de emissão de CO2 por habitante, Portugal tinha, em 2004, um rácio (6,0) claramente inferior ao da Grécia (10,0), de Espanha (9,0) e, em 2003, da União Europeia (9,0). O país da UE com pior índice, em 2004, é a Holanda (16,4).
Isto não quer dizer que Portugal não deva procurar cumprir os seus compromissos e os objectivos de melhoria ambiental, quanto mais não seja porque isso implicará menor dependência, maior eficiência e melhor educação.
FONTES: - Estatísticas oficiais do governo americano.
- “NUCLEAR-O debate sobre o novo modelo energético em Portugal”, de Jorge Nascimento Rodrigues e Virgílio Azevedo, Ed. Centro Atlântico – Nov2006.
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