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30/08/07

OS RICOS NÃO DEVEM PAGAR A CRISE

Honoré Daumier: Generosidade


Os estrategos sabem e explicam tudo muito bem. E quem estiver em desacordo, já se sabe : é um idiota útil . Assim, e se na qualidade de cidadãos, temos a “obrigação” de não aceitar o conformismo - a intervenção é um dever que não devemos alienar -, por outro lado, como somos “cidadãos comuns”, devemos reconhecer que não podemos julgar sobre matérias que só os especialistas são capazes de dominar. Temos de perceber que, no afã do exercício desse dever e direito de intervenção, podemos (provavelmente com alguma ingenuidade) apenas prejudicar o trabalho de quem sabe. Mais : como poderemos discernir (se não pertencemos à elite dos que sabem) que, julgando estar a proceder bem, só estamos a complicar as coisas .

Ou seja, como poderemos de facto saber se, mesmo sem o querermos, estamos com os nossos actos voluntaristas a pôr em risco : o desenvolvimento, o progresso e a paz. Em suma : a hipotecar o futuro. Os maus actos são definitivamente bem piores que as omissões e demissões. Não são ?

Há uma grande inveja (por parte do cidadão comum) para com todos aqueles que têm sucesso e que juntam a esse mérito o direito ao poder : de ter muito dinheiro e influência. Quanto trabalho, suor, risco, sacrifício, massa cinzenta, lhes é exigido ao serviço do (interesse) próprio, é certo, mas por arrasto ao serviço do interesse público. O que seria de nós, na dupla condição de trabalhadores e consumidores, sem essa elite ? Só temos que a tratar bem e estar dispostos às cedências normais, pois são, fundamentalmente, os empresários (e os quadros superiores) os garantes do nosso (bem) estar e de um futuro melhor. Não são “inimigos” como muitos gritam, são parceiros. Indispensáveis, acrescentaria.

A cartilha mudou. Hoje, para que haja ordem, desenvolvimento e progresso, tem de haver uma nova orientação política, tendo em conta que :


1. Os ricos não são ricos por acaso : merecem ;

2. Os ricos têm a obrigação de preservar os seus bens e aumentá-los, pois é a riqueza que gera mais riqueza ;

3. Os ricos é que criam postos de trabalho ;

4. Os ricos são o orgulho da nação : são homens de sucesso ;

5. Não são os ricos que têm de mais : os pobres é que têm de menos ;

6. O que falta a Portugal são reformas puras e duras para que haja mais produtividade, mobilidade e flexibilidade. Tais reformas continuam em banho maria, fruto da falta de coragem dos governos para combater eficazmente os resíduos que sobram da tralha ideológica marxista, que os do costume se servem para manter os privilégios, sob o manto diáfano da luta de classes ;

7. Portugal tem de ser ousado, não ter medo da ambição e aceitar a liderança das elites;

8. Com as reformas governamentais, tenacidade, firmeza, muito trabalho, muita precariedade, menos solidariedade social, menos impostos para as empresas, mais privatizações e menos regulação do Estado teremos, numa década (talvez duas), a prosperidade há muito ambicionada;

9. Por esta via, em Portugal deixará de haver pobres, apenas : remediados, abastados, ricos, milionários e multi-milionários;

10. A entrada de alguns imigrantes pobres será facilitada para que os portugueses (das classes altas) possam exercer o seu direito ao exercício da caridade.


Por isso, e a bem da nação, insisto : não devemos pactuar com o discurso intolerante e invejoso dos ressabiados. O PREC já foi e agora vale : Processo de Reestruturação em Curso. IMPEDIR QUE A CRISE chegue aos ricos, eis a missão. Já !



Mário Faria

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