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01/04/23

EVOCAÇÃO

Manuel Joaquim


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No próximo Sábado, dia 1 de Abril, o Núcleo do Porto da URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses vai realizar uma excursão a Aveiro, para comemorar os 50 anos do 3º Congresso da Oposição Democrática que se realizou naquela cidade entre os dias 4 e 8 de Abril de 1973, no Cine-Teatro Avenida.

Apesar das forças repressivas da época foi um grande acontecimento que mobilizou largas dezenas de milhares de pessoas de todos os cantos de Portugal. Sindicalistas, intelectuais, trabalhadores e pessoas das mais diversas opiniões participaram directamente naquele grande acontecimento político. Os jornais deram notícias da forma como puderam, condicionados à censura da época. O Comércio do Porto publicou a notícia na primeira página, com fotografia.

Um grupo de jovens do Porto, trabalhadores de seguros, organizados em actividades sindicais, decidiram participar no Congresso. Deslocaram-se num mini, muito apertados, mas chegaram ao destino. O trabalho que tinha sido elaborado foi apresentado numa das secções do Congresso.

Entretanto, a polícia de choque tomou conta da cidade. Quando foi decidido fazer uma romagem ao túmulo do Dr. Mário Sacramento, a polícia de choque, com toda a brutalidade, tentou impedi-la. As pessoas fugiram para os mais diversos locais. Manuel António Pina, jornalista, advogado e escritor, que estava entre as pessoas, prezado Amigo, juntou-se na fuga.

O regresso ao Porto não foi fácil. As saídas da cidade estavam controladas pela polícia. Ruas secundárias foram as utilizadas com grande esforço da suspensão do mini.

Passados alguns meses deu-se o 25 de Abril de 1974.

Foi um dia de trabalho, condicionado pelas notícias que apareciam constantemente. As emoções aconteciam mas o levantamento das Caldas da Rainha, de Março, preocupavam por ainda ser desconhecido o rumo dos acontecimentos.

A saída do trabalho no final da tarde deu-se à hora habitual. Eu e António Moutinho da Rocha, como sempre, saímos juntos e fomos ver o que se estava a passar na Avenida dos Aliados. Grande movimento de pessoas, manifestações junto aos bancos, alguns atropelos com a polícia.

Antes do 25 de Abril, eu e António Moutinho da Rocha não usávamos gravata. Decidimos, a partir daquele dia passar a usar gravata. Alguns dias depois, os colegas deixaram de usar gravata.

Agora, vamos festejar o 50º Aniversário da Revolução de Abril.

Passados 50 anos, parece que foi ontem.

1 comentário:

Isabel Melo disse...

"Reportagem" de um passado cm 50 anos- Muito boa.
E obrigada pela participação na luta que ajudou à queda do Fascismo.

Gostei do apontamento sobre o uso da gravata.

Isabel Melo

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