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01/10/22

UM MUSEU

Manuel Joaquim



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A Organização dos Reformados, do SINAPSA, Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins, no passado dia 29 de Setembro, realizou uma visita guiada ao Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento. O Transporte foi efectuado no comboio intercidades, entre o Porto e Entroncamento, e entre Lisboa e Entroncamento. 

A visita foi muito interessante, pela forma como o museu está organizado, pela alta qualidade dos materiais expostos e pelo saber e capacidade de comunicação do guia, João Paulo Geraldes Marques. A história dos Caminhos de Ferro Portugueses está ali bem como uma parte da história de Portugal dos últimos 170 anos.

Em 28 de Maio de 1853, a Rainha D. Maria II, inaugurou o início da construção da primeira linha férrea de Portugal que pretendia chegar a fronteira de Espanha e ao Porto. A Rainha empurrou um carrinho com areia que com uma pá descarregou no chão. Foi o acto para o início dos trabalhos que foram executados por uma empresa inglesa. Passados três anos, foi inaugurada a ligação entre a primitiva estação de Santa Apolónia e o Carregado. Foi em 28 de Outubro de 1856 que foram percorridos os primeiros 36 quilómetros.

O Rei D. Pedro V e o Ministro das Obras Públicas Fontes Pereira de Melo, foram as personalidades a quem se deve o arranque dos caminhos-de-ferro em Portugal.

Ao longo dos tempos foram criadas comissões para estudar a implantação da rede ferroviária. Muitos projectos tiveram seguimento. Outros não tiveram os seguimentos previstos nos próprios projectos. No entanto, pode dizer-se que o território foi coberto por linhas, desde Trás-os-Montes, ao Alentejo e até ao Algarve.

O jornal do Rio de Janeiro, “Jornal Português”, de 27 de Setembro de 1927, publicou o traçado do caminho-de-ferro de Castelo Branco a Placência, com o título “DE LISBOA A MADRID em oito horas”. Em Setembro de 2022, uma jornalista fez esse percurso e demorou cerca de 12 horas. Passaram-se 95 anos. O que pensar?

Em 1988, o governo de então, de Cavaco Silva, publicou o “Plano de Modernização dos Caminhos de Ferro 1988-1994". O projecto da linha do Norte, passados estes anos todos, continua por realizar-se. A partir dessa altura, encerraram-se vias, principalmente em Trás-os-Montes, no Alentejo e noutras regiões do interior. Viseu perdeu o comboio em 1988. A linha do Tua quando foi desmantelada roubaram as travessas de madeira que entretanto apareceram em casas e quintas. Nos processos e julgamentos que andaram nos jornais, de sucateiros a oferecer robalos, apareceram referências ao desaparecimento dessas travessas. Mas não foi devidamente investigado. Foi mais um plano que custou milhões que foi  para o lixo.

 A Sorefame, fundada em 1943, que teve um papel fundamental na indústria metalomecânica pesada, que fabricava todo o material circulante, designadamente comboios e que exportava, começou a ser desmantelada nos anos noventa e extinta em 2001. Fez parte do processo de destruição de toda a indústria pesada que ocorreu nessa época; Siderurgia Nacional, Cometna, Mague e outras.   

Há três dias, esteve no Porto, António Costa, Primeiro-ministro e Pedro Nuno Santos, Ministro das Infraestruturas e da Habitação, para apresentarem o projecto da linha de alta velocidade para ligar Porto e Lisboa, em 1hora e 15 minutos. É um projecto que já foi apresentado pelo governo de José Sócrates. Mas a obra só deve começar em 2024. Diversas personalidades que vivem à custa do orçamento do Estado estiveram presentes no acontecimento, que pelos vistos começou logo pela manhã. Os comboios actuais que fazem a ligação Porto-Lisboa não estão a ser aproveitados devidamente. Mas gostam de dizer que vão gastar muitos milhões para impressionar o Zé. Ao longo de tantos anos e de tantas promessas, pode aceitar-se todo este folclore? 

O Museu do Entroncamento pode ser visitado com visita guiada por PAULA MOURA PINHEIRO no portal do próprio Museu ou no YOU TUBE.

Em Bragança existe também um Museu Ferroviário muito interessante. Está instalado na antiga estação. 

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