Manuel Joaquim
O frio, a chuva, o toque a recolher todo o dia, as chamadas redes sociais com todo o lixo que lá aparece, incluindo os comentários a artigos publicados em jornais, perturbam seriamente as mentes das pessoas. Os tempos de antena dados a determinados políticos e comentadores são sessões de autêntica manipulação da opinião pública para servir fins inconfessáveis.
O processo eleitoral para eleger o Presidente da República chegou ao fim.
Durante a campanha assistimos a manipulações e provocações desde a primeira hora. Algumas entrevistas nas TVs, sondagens publicadas por alguma imprensa, o apelo ao voto útil por determinados sectores como se todos os votos não contassem numa primeira volta e as diversas candidaturas democráticas não contribuíssem para uma maior mobilização eleitoral dos seus simpatizantes, que certamente não esqueceriam oportunismos e incoerências manifestadas por alguns candidatos o que os levaria a não votar.
Os resultados eleitorais deram a vitória a MRS como tudo apontava, com um resultado muito expressivo. A segunda volta eleitoral não esteve eminente, pelo que foram derrotados os candidatos que vislumbravam uma segunda volta.
Os comentários que apareceram logo na noite eleitoral é que a esquerda e o Partido Comunista tinham sido derrotados, sobretudo no Alentejo. Logo a direita tinha ganho as eleições. Um campeão nesse tipo de comentários foi um alto responsável político que babando-se com a soberba, dizia que os comunistas tinham sido os derrotados. O Chega tinha conquistado muitos votos no Alentejo. Uma senhora, que já foi ministra, em comentários televisivos, vai no mesmo caminho. Os papagaios de serviço foram e vão no mesmo caminho. Agora, sem se rirem, pedem a MRS que demita o governo e forme um governo de salvação nacional. Curiosamente, há um ano atrás, também pediram um governo de salvação nacional, depois de uma reunião do MEL que se realizou em Lisboa, que referi no Periscópio de Abril de 2020. Estão a receber ordens de quem manda, mas acefalamente. Todos estes comentários condicionam a opinião das pessoas, de democratas, que consideram que a esquerda foi derrotada.
João Ferreira, candidato apoiado pelo PCP, nos distritos de Portalegre, Évora e Beja, teve sensivelmente os mesmos votos e percentagens que o candidato Edgar Silva, também apoiado pelo PCP. Em Bragança, Ventura teve 17, 59%, mais do que em dois dos três distritos alentejanos. Não foi a transferência de votos do PCP.
A CDU venceu as eleições legislativas no Alentejo, pela última vez, em Portalegre há 36 anos (1985), em Évora, há 34 anos (1987), em Beja, há 30 anos (1991). O Alentejo deixou de ser vermelho em 2001. PS e PSD têm 30 das 43 câmaras alentejanas. Os fazedores de opinião falam do Alentejo comunista para encobrirem a transferência de votos nos partidos e candidatos da direita, sem que os comunistas percam votos. Onde João Ferreira teve menos votos que Edgar Silva foi na Madeira, o que é natural pois Edgar Silva é natural de lá e foi padre católico.
Apesar de a direita ter ganho as eleições como dizem, são os respectivos partidos, PSD e CDS, que parecem ter graves dores existenciais.
O CDS está em coma. Candidatos a chefes já estão alinhados. Há um que só está disponível em 2022. Há quem aponte o falecimento desse partido antes de ele estar disponível para ser candidato. Entretanto, o parlamento europeu vai alimentando-o.
O PSD começa a fazer contas à perda de apoiantes por afastamento do partido, quer por desistência, quer por transferência para o seu filho incubado.
Na verdade, é um problema sério para esses partidos porque não conseguem sobreviver muito tempo afastados do aparelho de estado que os alimenta fortemente.
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1 comentário:
subscrevo. Só a nossa atenção e sentido crítico, seleccionando as notícias, retendo o que faz sentido, a luta diária pela verdade , pela construção de uma comunicação social independete do poder político e económico, podem, em minha opinião, ajudar a mudar a realidade em que nos movemos.
Abraço a ti, Manel , e a todos os outros Amigos que se preocupam, cada um à sua maneira, em desconstruir esta como que inevitabilidade servida a toda a hora como alimento dos incautos.
Maria José
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