Mário Martins
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“O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.”
Eclesiastes
Agora que, como ouvia aos velhos de outrora, vou testemunhando, até que o inverso se consume, o desaparecimento de pessoas da minha geração, ocorre-me aquela afirmação bíblica de que “nada há de novo debaixo do sol”. Num tempo em que vivemos uma acelerada bebedeira tecno-digital, que nos faz passar pela cabeça a vertigem da imortalidade e da eterna juventude, e que torna o futuro próximo cada vez mais imprevisível, podemos, paradoxalmente, dizer que tudo muda mas, afinal, nada muda?
Quando afirmamos que tudo muda referimo-nos às condições de vida que, para não dizer desde os tempos bíblicos, tanto mudaram nas últimas cinco ou seis décadas: a tecnologia deu saltos exponenciais, a esperança média de vida em Portugal aumentou 17 anos, o trabalho alterou-se dramaticamente, o lazer e o turismo ocuparam cada vez mais a nossa vida, o nível médio de bem estar subiu de patamar. O futuro, esse, adivinha-se vertiginoso e mais inesperado do que nunca.
No entanto, a um nível que podemos qualificar de essencial, nada mudou: continuamos a não saber o sentido da existência do todo de que fazemos parte; tal como os nossos antepassados e os outros seres vivos, todos morremos mais cedo ou mais tarde; o sofrimento continua a ser o reverso do bem estar, um e outro desigualmente repartidos; a estupidez mais insana continua a ofuscar o brilho da nossa inteligência, tão natural uma como a outra.
É por isso que, como tudo muda e nada muda, é tão apropriado dizer “ano novo, vida nova”, como “ano novo, vida velha”…
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