Manuel Joaquim
A comunicação social dominante e as suas redes sociais inundam-nos sistematicamente para além do futebol, dos incêndios, dos hospitais e das escolas, com notícias sensacionalistas sobre comportamentos e posições de pessoas, de dirigentes partidários e dos próprios partidos, muitas das vezes com meias verdades ou falsas, metendo todos os que não seguem as suas ideias no mesmo saco, para condicionar a opinião pública e orientá-la para caminhos que não são os melhores. O que está a acontecer em diversos países da Europa é exemplar. Um dos assessores de Trump, com ligações à extrema-direita dos EUA, percorreu há poucos dias diversos países da Europa para organizar e financiar partidos da extrema-direita. Isto quer dizer que o caldo está a ser preparado.
Os problemas com imigrantes e refugiados estão a criar dificuldades crescentes nos órgãos de decisão da União Europeia com países a não acatarem as orientações estabelecidas. Se depois de a Nato ter destruído diversos países da África e Médio Oriente passou a ser um mar de rosas para os capitalistas europeus, e não só, pela mão-de-obra barata disponível, permitindo uma aceleração da acumulação de capital, conforme palavras de dirigentes alemães, foi sol de pouca dura. A União Europeia passou a pagar a diversos países do norte de África e Médio Oriente para não deixar passar refugiados e emigrantes com destino à Europa. Campos de refugiados foram montados, barcos são afundados no mar Mediterrâneo, pessoas são executadas no deserto. Poucas notícias chegam.
António Avelãs Nunes, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que este mês recebeu o Grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Valladolid, refere num dos seus trabalhos o seguinte: “Parafraseando Galileu, diremos que, no entanto, as pessoas movem-se: estudos da ONU estimam que cerca de 160 milhões de pessoas se desloquem do Sul para o Norte até 2025.”
A tentativa de Trump de recuperar a indústria nos EUA, abandonada em favor do capital financeiro especulativo, criando barreiras alfandegárias nas importações de alguns materiais, está pôr em causa interesses de outros países que respondem na mesma bitola colocando em causa sectores económicos muito importantes dos próprios EUA.
São as contradições existentes no seio do próprio capitalismo que se evidenciam cada vez mais.
A lógica do sistema é a maximização do lucro. Ora quando isto não se verifica deixa de se verificar a acumulação contínua do capital. As consequências são diminuição de produção, destruição de capital, diminuição da utilização dos recursos disponíveis, dificuldades acrescidas para as populações e dores de cabeça para os governantes.
Crises anteriores trouxeram guerras. Presentemente ouvimos o rosnar de alguns falando abertamente na destruição de países, se não acatarem as suas orientações. Acontece que as condições actuais não são as mesmas de há uns trinta anos atrás. O poder mundial é multipolar.
A linguagem belicista usada entre Trump e Kim encobriu negociações que levaram a um encontro entre os dois. Trump não tem a vida fácil no seu país. Vai ter que afastar mais assessores se tiver tempo.
A mesma linguagem belicista está a ser usada agora entre Trump e o Irão. Entretanto Trump já se mostrou disponível para falar com o Irão sem condições. Mas os seus assessores já vieram apresentar condições. E o Irão já fez o mesmo. Será que vamos ser confrontados brevemente com novas negociações de Paz?
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