Manuel Joaquim
Quem acompanhar a situação internacional pela comunicação que é publicada, principalmente, em Portugal, fica sem perceber o que está a acontecer nos diversos teatros políticos do mundo.
Ainda não passou muito tempo sobre as palavras de Trump de que estaria eminente a destruição da Coreia do Norte por ter na sua posse armas nucleares. Quase inesperadamente, Trump e Kim reúnem-se com pompa e assinam acordos que até hoje ainda não foram muito bem explicados. O que se sabe, para já, e à boca pequena, é que os exercícios militares dos EUA, Coreia do Sul e Japão, agendados para o próximo mês de Agosto, já não se vão realizar.
Os EUA têm cerca de 30000 militares na Coreia do Sul, com o mais moderno material de guerra, incluindo armas nucleares, e, em termos de logística e familiares, mais de 200.000 pessoas. No Japão e Taiwan encontram-se também milhares de militares americanos.
Pouco sabemos, porque a informação é muito escassa, certamente por razões políticas, das gravosas consequências económicas, sociais e ambientais do encerramento da base americana nos Açores. Mas o que se sabe é suficiente para podermos a avaliar as implicações da desnuclearização e desmilitarização da península coreana.
As acusações que se fazem à Rússia de interferir nas eleições de todos os países, de envenenar espiões, de tentar dividir o chamado ocidente, de boicote às trocas comerciais e a pessoas é o pão nosso de cada dia. Entretanto, há cada vez mais países a defenderem o fim dos embargos porque as suas economias estão a sofrer danos irreparáveis. Entretanto, está agendada uma reunião entre Trump e Putin para o próximo dia 16 de Julho na Finlândia. Naturalmente que vão discutir as relações entre os EUA e a Rússia e a situação no mundo.
A Europa está num processo de militarização impensável até há pouco tempo, através de Nato, com grande concentração de militares e de armamento, convencional e não convencional, mesmo junto das fronteiras com a Rússia. Sem que se saiba muito bem, militares portugueses estão a participar nestas movimentações, enquadrados nas tropas da Nato. A Rússia está a responder na mesma linha. Em alguns países da Europa, de forma metódica, estão a intoxicar psicologicamente as populações, desde as crianças nas escolas, contra a Rússia, como se fazia no tempo da guerra fria e do fascismo. Em Portugal, a luta ideológica segue na mesma esteira. Aproveitando o campeonato do mundo do futebol, os comentários de muitos são subliminares, desde falar que os jogos são na União Soviética, quando, no seu tempo, dizia-se que era a Rússia, que os jogos são disputados em determinada cidade que antes não existia porque o estádio só foi construído porque o presidente da câmara é amigo do Putin, para depois dizer que a cidade tem cerca de 400 mil habitantes, omitindo que tem pouco menos do que o dobro da cidade do Porto.
O Presidente Marcelo foi encontrar-se com Trump aos EUA. O que encheu os jornais foram os cumprimentos, o vinho da Madeira e o Ronaldo. Não se comentou o que realmente trataram. Mas trataram de assuntos muito importantes, particularmente para os portugueses. Trataram do aumento das participações financeiras de Portugal para o armamento e estrutura da Nato.
Merkel e Macron reuniram-se há duas semanas e acordaram criar uma nova força militar, de intervenção rápida, à margem de Nato, para responder a quaisquer necessidades urgentes em caso de perigos eminentes ou de socorro e, pelos vistos, Portugal anuiu a essa iniciativa. Mais compromissos, mais gastos militares, menos meios financeiros, para a saúde, para a educação e para outras coisas que fazem muita falta aos portugueses. Essas cabeças estão a tomar estas iniciativas porque estão com medo do que chamam de “perigo interno”: dos sindicatos, dos movimentos sociais, das alterações que estão a acontecer nas organizações políticas. Os perigos iminentes são de certeza estes.
Os políticos que governam a Europa e o mundo são pessoas bem-falantes, simpáticas, vestem bem, sorriem, mas foram pessoas como estas que levaram a duas guerras mundiais. As crises do sistema levam à crise da democracia e são uma ameaça à Paz. A terceira guerra mundial tem estado no nosso horizonte.
Mas a Paz é possível.
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