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01/02/18

MÁSCARAS E UMA RECEITA

Manuel Joaquim

http://www.portugalnummapa.com/caretos/#prettyPhoto

António Pinelo Tiza, no seu livro A Magia das Máscaras Portuguesas, retrata a história do Carnaval, o  seu significado, as personagens, os rituais e o simbolismo dos mascarados. 

As máscaras, contrariamente ao que muita gente pensa, não aparecem só em Trás-os-Montes. Aparecem no Entrudo das Aldeias de Xisto de Góis, em Coimbra, nos Caretos de Lagoa, em Mira, nos Cardadores de Vale de Ílhavo, Aveiro, e nas festas de verão, as Bugiadas de Sobrado, em Valongo. Mas é sobretudo nas aldeias do nordeste transmontano que a tradição das máscaras se mantém. Tem contribuído para o desenvolvimento de artesanato local e para o aparecimento de verdadeiras peças artísticas. Em Trás-os-Montes, o porco foi sempre o rei da mesa. Mas cada época tem as suas comidas. No Domingo Gordo, come-se o pé e a orelha salgados na salgadeira. No dia do Entrudo come-se butelo com as casulas.


No próximo fim de semana, em Bragança, quase todos os restaurantes, vão participar no Festival do Butelo e das Casulas. Muita gente nunca ouviu falar nesta comida.


O livro “Memórias da Cozinha Transmontana” de Adozinda Marcelino e Acúrcio Martins,  descreve o que é o Butelo:
“ (…) Enchido de ossos das pontas das costelas e do rabo do porco. Estes eram sempre os últimos dos de carne a serem enchidos. Cada porco dava dois ou três butelos em função dos tamanhos. 

As costelas mindinhas, o rabo e um ou outro pedaço de carne que sobejou de salpicões e linguiças, depois de passarem pelo adobe aqueles três ou quatro dias necessários ao tempero, serão enchidos nas tripas mais grossas do porco.

Proceda da mesma forma utilizada para os salpicões: retire as carnes do adobe, coloque-as num alguidar e tempere de pimento (colorau) Encha nas tripas mencionadas e ate muito bem. O atar os butelos é algo de especial! Visto tratar-se de peças grandes e pesadas é necessário reforçar a atadura para não caírem. Com uma navalha aguce um s’taraco de esteva da grandura e maneira de um palito. Depois de atada a “boca”, espete o s’taraco atravessado na boca do butelo e ate bem com o fio. Ponha no fumeiro, na ponta daquelas varas onde apanhem mais calor.”  

E descreve o que são as Casulas:

“Vagens de feijão verde, seco ao sol. Nem todo o feijão verde se presta para secar para casulas, pois existem variedades mais indicadas que outras para este fim. Por estas bandas as mais usadas eram as sapinhas sendo mais tenras, amanteigadas e tendo menos “fios”.”

Aqui vai a receita do livro:

“BUTELO DO DIA DE ENTRUDO

Demolhe as casulas de um dia para o outro. Lave o butelo para o libertar do cheiro característico a fumo. Demolhe o e a orelha de porco, lave de seguida. Numa panela com água coza o butelo, as casulas, o pé e a orelha.

A meio da cozedura junte umas quantas batatas descascadas cortadas a meio e duas cebolas descascadas e cortadas em quatro.

Deixe acabar de cozer, verifique o sal e sirva em travessa colocando as casulas, batata e cebola em primeiro lugar, dispondo o butelo, orelha e pé por cima. Tempere as casulas, batatas e cebola com um bom Azeite.

Quem ceia em vinhas almoça em fontes.

Bom apetite!






                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

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