Manuel Joaquim
António Aleixo, o poeta do Povo, visto pelo neto Vitor Aleixo ... |
Numa conversa com um Amigo meu, depois de comentarmos os acontecimentos que enchem a rádio, a televisão e os jornais, este, concluiu com um dito, que o carcereiro de Vimioso, o Carricinha, utilizava quando observava assuntos que lhe chamavam a atenção: “O que aqui anda!”
1 – O folhetim da Caixa Geral de Depósitos, que parece que nunca mais acaba.
É público que o homem demite-se, como é público que, depois disso, entregou a tal declaração de rendimentos que faltava entregar e que os jornais diziam que se recusava entregar. Se calhar, não era ele quem não queria entregar a declaração.
Pelo que veio a público, terá sido a aprovação de uma proposta na Assembleia da República pelos dois partidos da direita, apoiados por um outro partido, o mesmo que se recusou a acompanhar o Presidente da República na sua deslocação a Cuba, e que apoia o governo, que o levou a apresentar a demissão. Mas não acredito nisso.
Acredito mais na falta de condições políticas para aplicar o seu plano de reestruturação, depois de tudo o que se disse. Os valores necessários para a recapitalização serão, certamente, insuficientes; os despedimentos de centenas de trabalhadores com pesados encargos financeiros e consequente encerramento de balcões, particularmente no interior do país; a venda de negócios lucrativos no estrangeiro, são situações muito discutidas e nada pacíficas a nível do actual poder político.
A direita continua a incriminar o Vara como se fosse ele o único responsável pelos prejuízos. É uma parte da verdade. Mas há outras partes da verdade sobre que ninguém fala. Os valores do Vara, multiplicados por cinco, são valores da responsabilidade dum tal Faria de Oliveira. Responsável pelos prejuízos da Caixa em negócios em Espanha, juntamente com outro que agora está no BP.
Alguns riem-se por o BCE obrigar alguns administradores indigitados a fazerem formação para exercerem os respectivos cargos. Desconhecem o que se passa actualmente na área financeira.
Uma Caixa Económica, pertencente a uma associação de socorros mútuos, procedeu à realização de eleições para os seus órgãos sociais. Aconteceu que o Banco de Portugal teve que aprovar os respectivos nomes e considerou necessário que alguns elementos da Direcção fossem submetidos a formação, não obstante serem bancários qualificados.
2 – Eleições nos Estados Unidos e o seu sistema eleitoral. Apesar da grande campanha eleitoral feita nos EUA e no mundo, contra o candidato republicano Donald Trump, acusando-o, quase, de ser um traidor, foi eleito presidente.
A maior parte dos comentadores, antes e depois das eleições, não falam do seu programa eleitoral, nem de alguns dos seus discursos onde retrata a situação económica e social dos EUA.
A candidata derrotada teve mais de dois milhões de votos do que ele. Não é a primeira vez que o candidato com mais votos perde as eleições. O princípio fundamental de um “homem um voto” não se verifica nos Estados Unidos. Os mecanismos existentes permitem esta situação não democrática.
Os tais comentadores também não falam sobre o sistema eleitoral. E se falam sobre ele é para tentarem justificar o injustificável, como aconteceu esta semana com um safado desta cidade, filho de um profissional de seguros, deputado no PE, referindo-se à existência do colégio eleitoral por os EUA serem uma república federal. Há mais países que são repúblicas federativas e nada se passa assim. Mais de dois milhões de votos de cidadãos que valeram zero.
É bom saber que nos EUA há quem considere que o processo eleitoral é obsoleto e não democrático, contrariamente ao português magrinho.
A senadora do estado da Califórnia Barbara Boxer apresentou no Senado um projecto que prevê a eliminação do Colégio Eleitoral e a transição para uma sistema de eleições presidenciais directas. Considera que o sistema actual “é absoleto e não democrático” E disse “ Somos o único país no mundo onde é possível obter a maioria dos votos e mesmo assim perder as eleições”.
É evidente que nada vai mudar. Era preciso que o Senado aprovasse e três quartos dos estados ratificasse no decurso de sete anos.
3 – Aprovação do orçamento do Estado.
Foi aprovado o orçamento do Estado para o ano de 2017 nos prazos constitucionais.
As medidas aprovadas representam ganhos muito significativos para grande parte da população. Ganhos que se traduzem em dinheiro. Benefícios para pequenos agricultores, pescadores, proprietários de prédios rústicos abaixo dos 50 hectares, isenções de IMI para baixos rendimentos, , alargamento do abono de família, preços dos medicamentos, apoio às artes, não actualização das custas judiciais, redução do pagamento especial por conta, aumento das reformas, etc,
Tudo isto resultou da alteração política que se verificou em Portugal.
É preciso que os portugueses sejam mais felizes.
Comecei com um dito popular de Trás-os-Montes, quero acabar com um poema de um grande poeta popular, do Algarve, de Vila Real de Santo António, António Aleixo.
Os Vendilhões do Templo
Deus disse: faz todo o bem
Neste mundo, e, se puderes,
Acode a toda a desgraça
E não faças a ninguém
Aquilo que tu não queres
Que, por mal, alguém te faça.
Fazer bem não é só dar
Pão aos que dele carecem
E à caridade o imploram,
É também aliviar
As mágoas dos que padecem,
Dos que sofrem, dos que choram.
E o mundo só pode ser
Menos mau, menos atroz,
Se conseguirmos fazer
Mais p'los outros que por nós.
Quem desmente, por exemplo,
Tudo o que Cristo ensinou.
São os vendilhões do templo
Que do templo ele expulsou.
E o povo nada conhece...
Obedece ao seu vigário,
Porque julga que obedece
A Cristo — o bom doutrinário.
António Aleixo in "Este Livro que Vos Deixo"
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