Manuel Joaquim
Há uns dias atrás, um Amigo meu, sabendo da minha curiosidade por plantas e árvores, procurou-me para me dizer que no horto das Virtudes, nas traseiras da Cooperativa Árvore, tinha descoberto uma árvore, que neste momento estava a florescer, que valia a pena ir observá-la. No Porto, só conhecia mais um exemplar, no jardim dum prédio que fica junto à esquina da Rua Oliveira Monteiro com a Rua Senhora de Fátima.
A árvore, originária da América do Sul, mais propriamente do Brasil, é conhecida pelo nome de Chorisia Speciosa, os ingleses chamam-lhe Silk Floss Tree, árvore de fio de seda, e os mexicanos Ceiba Palo Borracho.
É, na verdade, uma árvore muito bonita, localizada no Jardim Municipal Horto das Virtudes, sítio maravilhoso para descansar, para ler e apreciar algumas esculturas, a paisagem, o rio e uma outra árvore, muito especial, que é uma Gingko Biloba.
No caminho, eu e o meu Amigo, conversámos sobre diversas coisas, pois, palavras puxam palavras. Ao passarmos em frente a determinado prédio da rua que percorríamos, ele parou, e disse que, quando jovem, quando veio para o Porto, muito antes do 25 de Abril, para trabalhar e estudar, tinha alugado ali um quarto para morar.
Recordando esses tempos, referiu que a senhora da casa vivia com uma filha, adolescente, e com o pai, senhor de idade avançada. Que o marido tinha emigrado para a Alemanha e nunca mais deu notícias. As dificuldades em sustentar a casa eram visíveis e educar a filha, já espigadote e atrevida, reclamando liberdade e independência, não era fácil. O pai da senhora e avô da jovem, apesar de ter trabalhado na cidade durante muitos anos num café a atender clientes, manifestava valores muito retrógrados mesmo para a época, chegando a considerar que dar colo ou tratar de crianças era assunto só para as mulheres. O meu Amigo lembra-se que na altura pensava, de acordo com os seus valores, que o futuro daquela jovem não seria lá muito bom.
Passados largos anos, o meu Amigo, certo dia, teve de ir à escola do seu filho para falar com a professora de História para saber da sua situação escolar. Para seu espanto, a professora de História era aquela jovem que ele conheceu em tempos na casa onde viveu num quarto alugado. Como foi possível aquela jovem, a quem ele não previa grande futuro, formar-se e pelas circunstâncias da vida, vir a ser professora do seu filho.
Depois de várias considerações, concluiu que a falta de confiança na juventude, acarreta, muitas vezes, julgamentos precipitados.
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