Mário Martins
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“O nosso povo é muito manhoso, imprevisível, e capaz de coisas muito grandes.”
Fernando Dacosta, Jornalista e Escritor (Jornal i 2013-08-09)
Sob o espectro da realização, a curto prazo, de eleições antecipadas, que a maioria do eleitorado não costuma perdoar a quem as provoca sem motivo justificado, a melhoria, que seria legítimo esperar, da situação política portuguesa, em resultado das eleições de 4 de Outubro, uma vez que o novo governo, sem base maioritária monocolor, deveria seguir, ao invés do anterior, uma via de negociação, deu lugar à confusão, no momento em que escrevo, do processo de formação de maiorias parlamentares, liderado, à direita, por uma coligação de partidos que ganhou as eleições e, à esquerda, por um partido que as perdeu. No entanto, para compensar a incógnita do governo, sem dúvida que constituirá um acontecimento positivo para o regime, a próxima substituição de um presidente sem tempo para presidir às comemorações da República.
Isto, porém, não deve evitar a grande questão: por que é que uma coligação de partidos de direita que, nos últimos quatro anos, apertou, drasticamente, o “cinto” da maioria dos portugueses ou que, no dizer da oposição mais à esquerda, roubou ou espoliou pensões e salários, voltou a ganhar as recentes eleições, embora perdendo a maioria?
Haverá, certamente, várias razões (os analistas destacam a eficácia da sua campanha eleitoral), mas eu daria especial relevância a dois factores externos: por um lado, a coligação governou sob os ditames dos credores externos (embora, numa primeira fase, afirmando-se ideologicamente de acordo e, até, além deles), tendo, entretanto, na sua narrativa, conseguido, formalmente, acabar com o regime de “protectorado”; por outro lado, talvez o factor mais importante, aquele a que eu chamaria o efeito grego, ou seja, o insucesso, até agora, da resistência política grega ao directório político-financeiro europeu.
O efeito grego estará igualmente a afectar as sondagens em Espanha, que voltaram a colocar os partidos tradicionais nos primeiros lugares.
O gráfico a seguir mostra, sem mais comentários, os resultados eleitorais, em perspectiva desde 1999, ano em que o Bloco de Esquerda elegeu pela primeira vez deputados:
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