Manuel Joaquim
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Este ano comemora-se os cem anos da Grande Guerra, os setenta anos da 2ª Guerra Mundial e os sessenta e cinco anos da Guerra da Coreia.
Os portugueses, que sofreram no século XIX uma guerra civil com consequências desastrosas que, actualmente, a maioria da população ignora, mas que deixou marcas que ainda hoje perduram, no início do século XX, foram arrastados para a 1ª Guerra Mundial para servirem interesses das classes dominantes, com consequências igualmente devastadoras. Foram milhares de portugueses, feitos militares à pressa, que participaram nas trincheiras da Europa e foram milhares os que morreram e os que ficaram estropiados.
Milhares de famílias pobres perderam os seus homens com consequências terríveis para a sua sobrevivência. Deu-se a chamada Revolução da Batata, com assaltos a armazéns, a mercados, a estabelecimentos e a vendedores ambulantes em várias cidades do país em busca de alimentos. Na cidade do Porto, os armazéns que existiam na Rua de S. João, foram todos assaltados. Os sacos com alimentos, no momento da descarga na rua, eram imediatamente esfaqueados.
Hoje, ainda se comemora o 9 de Abril, em homenagem ao Soldado Desconhecido, com alguma pompa militar.
Em 7 de Novembro de 1917 deu-se a Revolução Socialista de Outubro, na Rússia. O primeiro decreto do governo de Lenine foi o decreto da Paz. Pouco tempo depois a guerra terminou.
Mas na vizinha Espanha, entre 1936 – 1939, antes da 2ª Guerra Mundial e como preparação para a mesma, deu-se a Guerra Civil que provocou meio milhão de mortos. Todas as famílias espanholas perderam pessoas. Ainda hoje é muito difícil falar com espanhóis sobre este assunto. Os portugueses que vivem junto à fronteira recordam muitos acontecimentos. De Bragança para Zamora, logo a seguir a Alcanizes, existe uma pequena povoação onde se encontra uma ponte sobre o rio Douro, chamada Ponte del Pino, onde os franquistas deitavam ao rio os republicanos e outros, muitos entregues pela polícia fascista portuguesa.
Os portugueses que sofriam graves carências alimentares, viam os comboios carregados de géneros alimentares seguirem para Espanha a mando de Salazar para alimentar as tropas de Franco, com dizeres nas carruagens que eram as “sobras de Portugal”.
Por circunstâncias particulares Portugal não participou directamente na 2ª Guerra Mundial. Mas a esmagadora maioria da população sofreu as consequências da guerra. A fome, a miséria, a repressão, alastraram a todo o território.
A 2ª Guerra Mundial provocou mais de sessenta milhões de vítimas. A União Soviética sofreu cerca de trinta milhões. Por isso, considera esta guerra como a Grande Guerra Pátria.
A Guerra da Coreia provocada pelos Estados Unidos, com o objectivo de atingir a União Soviética e a República Popular da China, provocou a morte de mais de três milhões de coreanos. Foi uma guerra que levou à divisão da península coreana, com a República Popular e Democrática da Coreia, vulgo Coreia do Norte, e República da Coreia, vulgo, Coreia do Sul. Formalmente a guerra ainda não terminou. Armas nucleares estão instaladas de ambos os lados. Os Estados Unidos mantêm cerca de 30.000 militares em prontidão com todo o tipo de armas.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial a Europa esteve praticamente cinquenta anos em paz. Foi durante o período da chamada guerra fria.
Com a destruição da União Soviética, a guerra chegou novamente às ruas da Europa pelas mãos da Nato provocando a destruição da ex-Jugoslávia. Aqui, tropas portuguesas estiveram e ainda estão lá.
Hoje existe guerra na Ucrânia que pode ter consequências desastrosas para toda a Europa e para o mundo inteiro. A instalação de armas pesadas nas fronteiras da Ucrânia e da Rússia e a entrada de tropas estrangeiras no conflito é muito perigoso.
Do ponto de vista económico as consequências directas para Portugal são já bastante significativas em virtude do boicote da Rússia aos produtos portugueses em retaliação ao boicote que lhe é feito. Os alertas sobre este conflito são cada vez maiores mas a comunicação social sonega e deturpa informação.
O que se passa nos mares da China com os Estados Unidos é também muito perigoso. A China tem capacidade militar e tecnológica para responder a iniciativas militares dos Estados Unidos.
Há sinais inquietantes de que a situação internacional pode descambar a qualquer momento para conflitos de grandes proporções.
Será que alguns países estão a ser governados por seres formatados intelectualmente por valores do princípio do século XX e que o grande escritor norte-americano Gore Vidal tão bem descreveu no seu romance ”Império”?
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