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01/06/15

PÉGASO MECÂNICO

António Mesquita
T.E.Lawrence

"O trágico deveria ser como um grande pontapé na infelicidade."
(T.E. Lawrence)

Camus, que faz a citação, confronta-a com o 'comunismo aristocrático' do autor de "Os Sete Pilares da Sabedoria". Esta mescla, na aparência contraditória, é, de facto, o segredo do nominalmente agente dos serviços secretos. A 'causa árabe' não surge nele como um instrumento, o que seria, sem dúvida, o caso num verdadeiro espião.

Para Lawrence, essa causa é como a côr da sua pele entre os revoltosos, o motor de um estranhamento junto dos seus. No final, o quer que se pense do sucesso da estratégia do 'Foreign Office' e do papel do tenente-coronel na sua missão secreta, a lenda de Lawrence da Arábia, lenda em grande parte encenada pelo próprio, suplantou a questão político-militar, por ter passado a fazer parte da imaginação dos povos.

Era interessante saber o que permanece desse mito, ou que conversão sofreu na religião política anti-ocidental de algumas nações árabes.

Lawrence acabou 'tragicamente'. Os anos que sobreviviu ao triunfo da causa árabe foram torturantes para este arcanjo da revolta, reduzido ao anonimato. A imagem do pontapé no destino não podia ser mais justa, perante a última tentativa de 'descolagem'.

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