Mário Martins
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“O verdadeiro e o falso são atributos da linguagem, não das coisas. E onde não há linguagem, não há verdade nem falsidade”
Thomas Hobbes
“A importância da linguagem para o desenvolvimento da civilização reside no facto de que nela o homem colocou um mundo próprio ao lado do outro, posição que julgava bastante sólida para daí erguer o resto do mundo sobre os seus eixos e se tornar senhor do mundo”
Friedrich Nietzsche
"Notícia de “última hora”, no Domingo futebolístico, dos canais informativos da televisão: “Sporting perde com o Estoril”. Não foi o pequeno Estoril que ganhou ao grande Sporting, no seu próprio estádio. Foi o grande Sporting que “devia” ganhar ao pequeno Estoril e não só não ganhou como perdeu. O feito não foi o pequeno vencer o grande no seu próprio campo, mas sim o de o grande perder em casa com o pequeno. Por que não fazem um campeonato apenas entre os grandes?
Os mesmos canais informativos da televisão que nos falam das posições da “comunidade internacional”, liderada, mais ou menos activamente, pelos Estados Unidos da América, nas situações de crise ou conflito entre países ou conjuntos de países. Referir-se “a”, e não “uma”, “comunidade internacional”, em conflitos entre países é, evidentemente, um contra-senso que logo deixa de o ser no plano da pura propaganda cujo objectivo, como sabemos, é deformar.
Gonçalo M Tavares tem razão: a linguagem corta-nos às fatias. Somos peões, condutores, homens,mulheres, jovens, velhos, heterossexuais, homossexuais, ???ssexuais, pobres, ricos, trabalhadores, patrões, capitalistas, varredores,gestores de conta, crentes, infiéis, turistas. Na vida prática, raramente somos pessoas, mas esta compreensível segmentação semântica, que não só valoriza as diferenças entre nós e os outros como, sobretudo, nos identifica, individualmente, com uma função ou uma propriedade, não é teórica e socialmente inócua.
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