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01/02/14

O PESSIMISTA AMARELO

Mário Martins

Matt Ridley

“O erro dos pessimistas reside na extrapolação: partir do princípio de que o futuro é apenas uma versão maior do passado.”

Matt Ridley

“O Optimista Racional”


Para ilustrar o pessimismo intelectual dominante, este autor cita, entre outros, o ambientalista Lester Brown, o qual se mostrava em 2008 pessimista em relação ao que aconteceria se os chineses fossem em 2030 tão ricos como são agora os norte-americanos*:

Se, por exemplo, cada pessoa na China consumir papel ao ritmo norte-americano actual, em 2030 os 1,46 mil milhões de chineses precisarão do dobro do papel produzido hoje em dia mundialmente. Lá se vão as florestas. Se partirmos do princípio que em 2030 haverá três carros por cada quatro chineses, como há hoje em dia nos Estados Unidos, a China terá 1,1 mil milhões de carros. Existem actualmente em todo o mundo 860 milhões de carros. Para ter as estradas, auto-estradas e parques de estacionamento necessários, a China precisará de pavimentar uma área comparável àquela onde hoje planta o seu arroz. Em 2030, a China necessitaria de 98 milhões de barris de petróleo por dia. O mundo produz actualmente 85 milhões de barris por dia e poderá nunca vir a produzir mais do que isso. Lá se vão as reservas petrolíferas mundiais.”

Ridley ironiza que Brown está certíssimo quanto às suas extrapolações, mas o mesmo aconteceu com o fundador da IBM, Thomas Watson, quando em 1943 disse que existia um mercado mundial para cinco computadores, e com Ken Olson, o fundador da Digital EquipmentCorporation, quando em 1977 disse: «Não há qualquer razão para que uma pessoa queira ter um computador em casa». Os dois comentários eram verdadeiros quando os computadores pesavam uma tonelada e custavam uma fortuna. (…) Acontece o mesmo com as modernas previsões de impossibilidade, como as de Lester Brown. O papel e o petróleo serão usados de modo mais frugal, ou substituídos por outras coisas em 2030, e as terras terão de ser usadas de forma mais produtiva. Qual seria a alternativa? Impedir a prosperidade chinesa? A questão não é se podemos continuar como estamos, porque é claro que a resposta será «Não», mas sim como podemos encorajar melhor a onda de mudanças que permitirá aos chineses e aos indianos, e até aos africanos, viver tão prosperamente quanto os norte-americanos de hoje.”

Quanto à China, há também, evidentemente, no ponto de vista ocidental, um não-dito. Poderíamos chamar-lhe “estranheza rácico-culturalo-política”. Na contracapa dessa obra de referência que é “Orientalismo”**, (em que, significativamente, o sub-título é “Representações ocidentais do Oriente”), de Edward W. Said, “pergunta-se: “Será que a noção de uma cultura distinta (ou raça, ou religião, ou civilização) é útil, ou será que sempre se envolve em auto-satisfação (quando analisamos a nossa) ou em hostilidade e agressão (quando analisamos a “outra”)? O facto é que não estamos habituados à crescente pujança económica e, sobretudo, financeira do “Império do Meio”. Podemos vender os “anéis” às grandes corporações do costume. Agora, “à China dos restaurantes e das lojas baratas”? Mas pode ser que, citando o poeta, à primeira se estranhe, e que à segunda se entranhe…

* Em média, certamente…

** Livros Cotovia

 

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