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01/12/13

VENTRILOQUISMO

António Mesquita

http://zephmeister.blogspot.pt/2010/08/ventriloquismo.html

Os Alemães têm os preconceitos certos e a informação suficiente para manterem a sua política de se servirem da União com o mínimo de custos possíveis.

Não adianta contrapor a realidade dos "Países do Sul", em que não pode deixar de entrar a dimensão do tempo (de que a fórmula de John Maynard Keynes dá o exemplo mais paradoxal: o de que, a longo prazo, estaremos todos mortos), ao confortável preconceito de que gostamos, de mais, do 'dolce fare niente' ou de que temos leis do trabalho menos flexíveis do que os outros países. Toda a informação que venha lançar dúvidas sobre estas "certezas", simplesmente não é lida, e as vozes que não cantarem no uníssono teutão, não são escutadas.

No que se comportam como qualquer de nós, individualmente, ou colectivamente. Pelo menos a julgar pelo que pensa Daniel Kahneman, quando diz que as pessoas, quando têm uma boa história, rejeitam mais informação que possa vir a estragá-la. É o que o sociólogo chama de SHAVQ (Só Há Aquilo Que Viram). O comportamento da Alemanha, durante a crise do euro, é tão normal, tão justificadamente egoísta, que tem pelo seu lado, todos aqueles que se ponham, 'sinceramente', no seu lugar.

Pode-se invocar o tratamento de favor que foi concedido à Alemanha vencida na Segunda Guerra Mundial, as indemnizações de guerra que ficaram por honrar. As 'razões' de um povo não estão ao nível da política, nem da contabilidade dos tratados. Quem poderia interpretar o 'povo na história', e não a geração da 'grande desforra económica', não foi visto ainda no coração da Europa, nem sabemos se já nasceu.

Essa ausência deixa-nos à mercê dos actuais líderes, sem alma e sem verdadeira pátria. Eles são os ventríloquos dos tempos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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