Manuel Joaquim
Mandela no pátio da prisão |
É impressionante as vezes que ouvimos falar nos jornais, na rádio e na televisão de Nelson Mandela e na iminência da sua morte. Como disse uma das suas filhas, os abutres rondam o acontecimento para obterem o que lhes interessa.
Nada se diz sobre o seu passado de luta, de luta organizada contra o poder dominante e de opressão que aliado ao imperialismo internacionaloprimia os povos da África do Sul através de um regime de aparteid.
Recordo-me de ter participado, muito antes do 25 de Abril de 1974, numa campanha para a libertação de Nelson Mandela, que consistia na venda de um postal com a sua imagem “presa” numas grades de prisão e com palavras a defender a sua liberdade.
Recordo-me de alguns diálogos que tive com colegas de trabalho que na altura abordei. E recordo-me particularmente de uma conversa que tivecom um colega sobre a luta contra o fascismo em Portugal, contra a guerra colonial e do enquadramento na solidariedade internacionalista da campanha para a libertação de Nelson Mandela.
Esse colega, pessoa relativamente bem formada e informada, ficou muito receosa pois considerava que a campanha de solidariedade erauma iniciativa dos comunistas, e que, na sua opinião, era uma forma de agitação pois o regime do aparteid estava muito forte tanto interna como externamente e que Nelson Mandela nunca seria libertado ou se um diao fosse era simplesmente para não morrer na prisão. Por fim, esse colega comprou o postal de solidariedade mas fê-lo desaparecer no caixote do lixo com medo da Pide...
A opinião publicada na época considerava Nelson Mandela um terrorista e por isso estava preso.
Mas a luta política e revolucionária do Povo da África do Sul veio demonstrar que é possível destruir prisões, quebrar grilhetas e construir uma sociedade mais livre e mais fraterna. Nelson Mandela foi um dos líderes dessa luta e hoje é considerado um Pai pelo Povo do seu País.
Em homenagem a Nelson Mandela transcrevo um poema que encontrei e que é, com toda a certeza, uma boa mensagem para quem o ler
Poema que Nelson Mandela lia na prisão
do poeta inglês William Ernest Henley
Invictus
Do avesso desta noite que me encobre, Preta como a cova, do começo ao fim, Eu agradeço a quaisquer deuses que existam, Pela minha alma inconquistável.
Na garra cruel desta circunstância, Não estremeci, nem gritei em voz alta. Sob a pancada do acaso, Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.
Além deste lugar de ira e lágrimas Avulta apenas o horror das sombras. E apesar da ameaça dos anos, Encontra-me, e me encontrará destemido.
Não importa quão estreito o portal, Quão carregada de punições a lista, Sou o mestre do meu destino: Sou o capitão da minha alma.
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