http://www.forbes.com/sites/sap/2012/10/10/why-stubborn-is-an-undervalued-trait/ |
Depois de Isabel Jonet, a prestigiada presidente do Banco Alimentar, nos ter aconselhado a ser mais frugais, 'caíu o Carmo e a Trindade'.
Tudo está na forma e no lugar. Medina Carreira vem a dizê-lo há vários anos e ainda há duas semanas deu 7 anos de vida ao actual Estado Social. Mostrou os mesmos gráficos impressionantes que é impossível que os que nos governam desconheçam. O colapso parece certo como o destino, a não ser que a euforia suicida do crédito regresse a alguns crânios embriagados (como quando ganhavam dinheiro com lixo, vendido depois em embalagens irresistíveis) ou a economia comece a crescer a taxas próximas da chinesa.
Voltar a ter os pés assentes no chão só é possível depois duma terrível ressaca, que já começou. Como é natural, quase ninguėm está convencido de que mudar não é justo nem injusto, mas necessário. E podemos estar certos de que temos nos partidos desta democracia os melhores servidores de toda a gama de paliativos. Para todos os gostos. Desde os que acreditam que se deve começar do zero aos que nos prometem que em 2013 vai bruxulear, enfim, 'a luz ao fundo do túnel', sem mais impostos e com um pequeno 'corte de cabelo' nas pensões e nas outras prestações sociais. Se fosse do outro lado do Atlântico, onde existe outra organização, poderia, talvez, ser assim. Mas o caso é que estamos desamparados na putativa União e quem nos 'ajuda' com a ruína da nossa economia faz com isso um grande negócio.
Portanto, é caso para dizer, como das árvores que morrem de pé, cairemos democrata e europeisticamente, no melhor estilo do Conde de Abranhos. Que importa se chegarmos ao milhão de desempregados, se fomos cumpridores (e até mais além do que era preciso) do programa da Troika?
Mas a urgência e a dimensão dos nossos problemas não se explicam pela mediocridade da política doméstica (que tranquilizador seria se Sócrates pudesse continuar a expiar os pecados dele e os dos outros! O antigo primeiro-ministro foi o produto duma época e duma mentalidade governativa, daquela euforia a pedir castigo que hoje já não está na moda), nem pelos vícios estruturais da nossa economia.
Por detrás de tudo está a crise económica do chamado Ocidente, a começar pelos EUA que são o centro da tempestade, com a loucura da desregulação, o desemprego tecnológico e a desindustrialização a favor de países como a China.
É por isso que o dinheiro fácil não voltará em muitos anos. É que o 'negócio' perdeu a fé com a queda dum banco que pensava ser demasiado grande para falir: o Lehman Brothers.
Com a incompreensão do fundo do problema, não podemos contar com amortecedores. E tornaremos Medina Carreira mais do que um profeta da desgraça: uma espécie de cientista da loucura colectiva.
Será assim enquanto não percebermos que se trata do nosso presente e do nosso futuro e não de encontrar culpados. Quem? Poderíamos ficar pelos governos ou pela 'classe dominante'? Não temos leis para os prender, nem tribunais para os julgar. De resto, é de temer que não exista apenas uma corrupção localizada nas elites. Seria preciso, ao mesmo tempo, levantar um processo à classe média.
O pensamento mágico da Revolução torna a situação insuportável e sem outra esperança. Mas seria a maneira de contar os degraus que o povo tem ainda para descer até ao Inferno.
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