StatCounter

View My Stats

01/12/11

A MOEDA SOBERANA

António Mesquita



"O Sr. Proudhon não esgotou ainda todas as razões pretensamente económicas. Eis uma duma força soberana, irresistível: é da consagração soberana que nasce a moeda: os soberanos apoderam-se do ouro e da prata e apõem-lhe o seu selo. Assim o livre arbítrio dos soberanos é, para o Sr. Proudhon, a razão suprema em economia política! Na verdade, é preciso ser completamente destituído de todo  o conhecimento histórico para ignorar que foram os soberanos que, em todos os tempos, se sujeitaram às condições económicas, mas que nunca eles fizeram a lei. A legislação tanto política como civil  não faz mais do que pronunciar, verbalizar o poder das relações económicas."


 "Miséria da Filosofia" (Karl Marx)


O tom de polemista utilizado por Marx não é aqui, para nós, o mais interessante. Ele fala com a autoridade de quem acaba de deslindar uma situação complexa (a do sistema capitalista) e contempla os patéticos esforços dos que procuram explicações ou justificações.  Aliada à teoria da "alienação", a sua crítica parece não deixar "pedra sobre pedra". Porque mesmo os bem intencionados, ou até as vítimas desse sistema, foram por essa teoria destituídos, à partida, de qualquer competência.

Por muita experiência que se tenha, hoje, do funcionamento daquilo a que Marx chamou de sistema capitalista ( e o facto desse conceito ter aplicação quase universal prova até que ponto a teologia foi mais longe do que a crítica), e por muita reflexão que tenha suscitado, ninguém hoje pode falar com a autoridade ( ou com a certeza dogmática) com que Marx falou, no início duma época que iria marcar para sempre. 

A causa principal dessa incapacidade é do domínio dos factos históricos, mais do que do domínio da crítica filosófica. A força do "Socialismo do Leste" revelou-se um "castelo de cartas", no momento em que o homem real pôde, enfim, tomar o lugar do "homo sovieticus".

A crítica da ingenuidade de  Proudhon parece hoje mais do que fundamentada. Mas só se tornou óbvia com o progresso da influência marxista. 

Nos tempos que correm, a política do BCE (que não é central nem europeu) parece tão enredada nos seus preconceitos ideológicos como a teoria da "moeda soberana" o estava no espírito de Proudhon. 

Também aqui, para a crítica se tornar óbvia, é preciso um "veículo" (para empregar um conceito da nova finança) social que tarda a surgir.





Sem comentários:

View My Stats