Manuel Joaquim
Após um fim-de-semana conturbado com os fazedores de opinião a transformarem um personagem que na sexta-feira era um assassino perseguido por todo o lado em um quase herói no sábado seguinte, e a espumarem-se sofregamente na ânsia do golpe de estado liderado por esse personagem sair vitorioso para finalmente ser destruído o homem que tanta urticária lhes provoca, depois de lhe diagnosticarem cancro em estado adiantado, os seus exércitos não terem botas, os equipamentos serem obsoletos, destruírem máquinas agrícolas dizendo que são tanques de guerra, estar isolado do mundo ou como acabou de dizer o patrão desses fazedores de opinião que está a perder a guerra no… Iraque, mas tudo furado, continuamos a assistir a toda a verborreia mental dessa gente, completamente desorientada e perdida porque sabem que nada sabem sobre o que estão a falar, assistimos, agora, a outros personagens a pedinchar aos banqueiros que não subam muito os juros nos empréstimos bancários e subam os juros nos depósitos bancários, aproveitando-se da boa-fé das pessoas que os ouvem.
Um inteligente veio agora dizer que os certificados de aforro estavam mal desenhados, dizendo coisas que sabe que são mentiras tentando encobrir o que está à luz do dia que é fazer o frete aos banqueiros. Os certificados de aforro já existem desde antes desse inteligente ter nascido. As companhias de seguros tinham que pagar as remissões das pensões de acidentes de trabalho aos pensionistas através de certificados de aforro.
Sobre questões importantes para esclarecimento e denúncia do que realmente se passa no país esses fazedores de opinião são gatos a fugir das brasas para não se queimarem. A senhora do Banco Central Europeu veio cá fazer ameaças de continuar a aumentar as taxas de juros se houver aumentos nos salários, continuarem subsídios, aumentos de gastos na educação e serviços públicos, pois quer controlar a inflação diminuindo o consumo e aumentando o desemprego. Governantes e papagaios de serviço dizem que a inflação está a diminuir e que estará na casa dos 5%, escondendo que os preços dos bens alimentares sofrem aumentos de 50, 60% ou mais. Sobre as consequências dessas políticas para a população não dizem nada. Omitem que quando se aumentou o salário mínimo e as pensões, a inflação não aumentou e que a economia cresceu, através do aumento do consumo privado.
Óscar Afonso, actual director da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, em “Fraude em Portugal – Causas e contextos”, Almedina, publicou um capítulo “Economia Não Registada e respectivo peso em Portugal” onde analisa todo o processo de fraude, de economia subterrânea e ilegal. Há poucos dias, pronunciou-se dizendo que essa situação está a agravar-se, sem que haja medidas para a combater.
Se há muitas pessoas a aproveitar-se dessa situação, aumentando os seus rendimentos e aumentando o consumo, são migalhas comparando com o que ganham os tubarões, cujos benefícios não entram directamente no processo económico.
A exploração dos trabalhadores continua em grande, apesar de alguns dizerem que não há pessoas para trabalhar. Mas não querem ouvir que é preciso aumentar os salários.
Uma pessoa minha conhecida ficou desempregada por encerrar a empresa onde trabalhava. Arranjou trabalho numa padaria/confeitaria na baixa do Porto. Trabalhou uma semana, 12/14 horas dia e no final a entidade patronal meteu-lhe na mão cinquenta euros para pagamento. Não é imigrante africana, brasileira ou asiática. É portuguesa e da cidade do Porto.
É muito difícil encontrar notícias sobre a diminuição ou deslocalização da actividade de empresas, em consequência do aumento dos custos com a energia. Algumas pertencentes a multinacionais ainda estão em actividade por estarem a ser financiadas do exterior. Os problemas da energia para o sector industrial (e não só) são dramáticos mas ninguém quer falar sobre isso pois estão ligados com a guerra na Ucrânia e o boicote à Rússia.
Sem energia não existe actividade económica. E os combustíveis fósseis fornecem a esmagadora maioria da energia. Diminuindo a actividade económica diminui as condições de vida.
Tanto tempo de antena para discutir e analisar a indemnização de 500.000 euros a uma administradora da TAP. Entretanto vieram a público indemnizações a outros personagens muito mais gordas mas não foram nem vão ser escrutinadas, nem foi apreciada a gestão da empresa em anos anteriores. O que se passou?
Portugal está a pagar a compra de material de guerra para alimentar a guerra. O homenzinho que faz o papel de ministro dos negócios estrangeiros, que o presidente da república não o quis no papel anterior, é um fervoroso defensor da guerra, mastigando sem as deglutir as palavras do jardineiro da EU. Para a Saúde, para a Educação, para Habitação, os dinheiros são escassos ou nulos, para a guerra não há restrições nem controlos?
São necessárias outras políticas que protejam as populações, os trabalhadores, com valores saudáveis que desenvolvam o respeito e a harmonia entre os povos.
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