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01/02/23

RECENSÃO SOBRE A EUROPA

Manuel Joaquim

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A minha Amiga Isabel de Melo, de Coimbra, no Natal ofereceu-me o livro “A integração Europeia – Um projecto imperialista”, de autoria do Prof. Doutor António Avelãs Nunes, também de Coimbra.

Ao longo dos anos li muita coisa sobre a formação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço – CECA, sobre o Tratado de Roma e sobre a Comunidade Europeia da Energia Atómica. Eram matérias escolares. O que eu nunca li foi sobre a génese destes tratados realizados logo após o fim da 2ª Guerra Mundial, e sobre os projectos da Alemanha nazi sobre a integração europeia, o “ Grande Espaço Europeu”, que “ previam a criação de um “Sistema Central Europeu de Compensação, que simplificasse os pagamentos, de modo a promover e intensificar a integração económica da Europa Alemã (o “Grande Espaço Europeu”) com paridades fixas entre as várias moedas e a obrigação de os bancos centrais dos “ países satélites” constituírem as suas reservas em reichmarks em vez de ouro; as moedas nacionais subsistentes ficariam ligadas ao reichmark e circulariam apenas dentro do espaço nacional de cada um deles, sendo que, em todo o espaço da “Europa alemã”, os bancos e as empresas poderiam aceitar a moeda alemã em pagamento e fazer pagamentos ”, assuntos referidos no livro acima indicado.

Segundo António Avelãs Nunes, nos documentos da época surgem as ideias de uma união aduaneira, uma união económica e monetária, uma moeda comum, um banco central europeu, um sistema de pagamentos europeu, um espaço económico integrado e livre de barreiras (uma antecipação do mercado único europeu. O Banco Central teria sede em Berlim.

Parece que estamos a acompanhar o desenvolvimento da actual União Europeia.

O governo de França da época (Vichy) aceitou com entusiasmo estas propostas mas defendendo a inclusão das suas colónias francesas. Com o final da guerra a situação alterou-se.

Sabemos que a questão do carvão e do aço levou a duas guerras mundiais. A França, com a derrota da Alemanha, pretendia receber grandes indemnizações de guerra, que esta fosse desmilitarizada e desmantelada economicamente. Propôs que as regiões do Ruhr, do Sarre e algumas áreas da Renânia fossem separadas da Alemanha, sendo os respectivos recursos entregues a si, França.

Jean Monet defendeu em 1944 que a Alemanha devia ser privada de uma parte do seu potencial industrial, “propondo, nomeadamente, que o carvão e o aço do Ruhr fossem colocados sob a alçada de uma autoridade europeia e geridos em benefício das nações participantes, incluindo a Alemanha desmilitarizada”. A França defendia a unificação da Europa e Churchill defendia uma Alemanha dividida em pequenos estados federados, e passar a ser “um país basicamente agrícola e pastoril”.

Entretanto os EUA e Inglaterra passaram a defender uma União Federal Europeia transformando a Europa num satélite do “império anglófono”, e num instrumento da guerra fria contra a URSS.

Em 1946, Churchill propõe a criação de “uma espécie de Estados Unidos da Europa”.

O livro trata com pormenores o desenvolvimento destes processos, a criação da Nato, a entrega pelo governo de Salazar da base das Lajes aos EUA, da base da Ilha das Flores à França e da base de Beja à RFA, da perda de posições da França e da sua necessidade de negociar com o seu anterior inimigo o fornecimento de carvão e de aço, da tentativa da França considerar no seu espaço as suas colónias de África, passando a “Europa” a ser um projecto colonialista; a “Euráfrica”.

É um livro muito interessante porque de forma sistematizada apresenta o desenvolvimento das organizações que governam a Europa que hoje conhecemos, das personalidades políticas marcantes, dos interesses em presença, informações necessárias para compreendermos os motivos da actual guerra na Europa.



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