Mário Martins
Pedro, o Grande
Lobusdaestepe's Weblog
Tal como no apaixonado mundo do futebol, em que se assobia ou insulta o árbitro quando, mal ou bem, decide contra o nosso clube mas se faz vista grossa aos erros que favorecem a nossa equipa, também nesta desgraçada guerra da Ucrânia se digladiam, não menos apaixonadamente, opiniões ideologicamente clubistas sobre os imperialismos reinantes, a Ocidente e Oriente, tudo se desculpando ao nosso “clube” imperialista, desde que se oponha aos demais.
O primado da geopolítica das super-potências que procede a uma nova repartição do mundo, assente numa ostensiva lei da força, tudo lhe submete: a soberania, o regime político, seja ele de índole democrática ou ditatorial, ou o direito internacional, este último há muito feito em cacos.
O reacender da guerra na Europa, depois de 20 anos de acalmia que sucederam à trágica guerra da Jugoslávia, mais enfatiza a tolice de se considerarem, porventura confundidos pela parafernália tecnológica, estes e outros funestos acontecimentos, indignos do século XXI. Se a História ensina algumas coisas, uma delas é, certamente, a prática humana da arte da guerra ao longo dos séculos.
A Revista do Expresso, de 11 de Março passado, adopta uma abordagem mais vertical e profunda do que está em jogo, de que transcrevo, a seguir, alguns excertos, aos quais nada mais acrescentarei:
“Neste ano da graça de 2017, com a Europa virada para dentro, obcecada pelo risco de se desagregar, Putin labuta para corrigir o que, para as suas luzes, foi falta imperdoável de Gorbachev e, depois, de Yeltsin: esquecerem a grandeza da Rússia.”
“A Sérvia, nos anos 90, apenas fora derrotada por ter sido abandonada pelo seu ‘grande irmão eslavo’.”
“Foi a fraqueza russa nesses anos que encheu Putin de vergonha ressabiada e lhe deu o duro génio de vinganças que nada parece fartar.”
Embaixador José Cutileiro, falecido em 2020
A guerra, na mais famosa máxima de Carl von Clausewitz, teórico militar prussiano, “não é senão a continuação da política por outros meios.”
“A menos que, em última instância estejam preparados para recorrer à força, as negociações são apenas um adiamento da agressão da outra parte. Só conseguirão evitar a guerra se derem pacificamente ao agressor o que este está preparado para tirar pela força.”
“É o império czarista russo que Putin está a tentar reconstruir. Pedro, o Grande, é o seu herói, muito mais do que Estaline.”
Niall Ferguson, historiador e autor de “A guerra do mundo – uma idade histórica de ódio”
“Queria expressar o desejo de que os portugueses não se afastem da Rússia e dos russos (…) Que tenhamos um céu pacífico sobre nós. Mas a Rússia nunca vai menosprezar os seus interesses vitais de segurança.”
Entrevista ao embaixador russo em Portugal, Mikhail Kamynin
“Se for eleito Presidente, eles primeiro jogarão lama sobre mim, depois respeitar-me-ão e depois chorarão quando eu sair.”
“Estou disposto a perder a minha popularidade e, se for necessário, o meu cargo para estabelecer a paz.”
Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, no discurso de posse em Maio de 2019.
“Por toda a Europa, as pessoas estão a perceber que vivem num continente onde a guerra, no seu próprio tempo, nos seus próprios países, já não é impossível.”
Anne Applebaum, jornalista e escritora
Sem comentários:
Enviar um comentário