Marques da Silva
A manhã encerra-se num frio chuvoso, triste, solitário, debaixo de um céu prateado de nuvens e os sonhos surgem interrompidos, desmaiados na sua caminhada voadora pelas irregularidades da orografia terrenal. A vida, aparece como uma viagem sem rumo e a utopia que nos guiava, parece até, por alguns instantes, selada no interior de uma pedra que o cinzel laborioso não consegue abrir. Lembramo-nos de pensar no amor, nesse sentimento que agrega afectos e ternuras, mas também ele tão longínquo que não há ponte que possa unir a margem onde nos encontramos, àquela outra onde vive. “Erguem-se muros em volta, do corpo quando nos damos”, escreveu o poeta num tempo em que amar era a construção da vida, na serenidade dos dias sem medo. Os fantasmas chegam sempre pela noite, pela escuridão calada, como sombras envenenadas de ruas que se desenhavam puras. De dia disfarçam-se em chuva e inundam as pedras dessa humidade bolorenta onde germina a maldade humana. Se houve épocas em que caminhar de mãos dadas lhes obstruía a passagem, o desgaste do tempo até o amor confiscou, e vemos escorregar em inclinada penedia, as palavras amantes que nos ressuscitavam a cada madrugada e até os olhares cristalinos de pureza, nos roubaram, pelas longas ausências. O futuro não o vemos, emerge sem rota, desaparece também como semente humana de justiça e de verdade. Já não vivemos de ilusões, esmagadas que foram por blindados camuflados, não de palavras poéticas, mas tão só do veneno de poderes insaciáveis. Caminhamos cegos na perdição do presente visível e a tua companhia não sobreviveu a tanta loucura sedutora. Talvez por isso chova, lágrimas últimas de um amor que pereceu nas areias pedregosas de um litoral que apenas escutava um outro poeta, “sou barco, abandonado, na areia ao pé do mar”. Sophia nasceu há cem anos e agora apenas a minha memória percorre os seus jardins povoados de verdes e de arvoredo majestoso onde o ruído da modernidade apaga os sons do rio, em baixo, no seu diálogo com o oceano. A fonte permanece no espaço que sempre preferi, com o seu fio de água interminável num cântico sussurrante e cativador. Já não passeio as áleas do seu jardim onde regressou por um mês. Pesam sobre elas, gotas de chuva, lágrimas de desconsolo pelo que foi chegando, mas os seus recantos idílicos ainda me levam àquele relato que se reteve na memória, pese embora o olvido das palavras certas: Sobes a pequena colina, por uma estrada em terra. No cimo, encontras uma igreja de paredes brancas. Entra devagar, procura no que não vês, o sonho do teu futuro. Não precisas rezar, basta-te o olhar. O que vires estará no caminho que falta percorrer.
Dão-nos essa alegria de exprimir o pensamento, as palavras, e agarramo-nos a elas para conversar com a solidão. A noite chegou, vagarosa e subtil, como se fosse tempo de Primavera. Vi as luzes acenderem-se e lentamente desenharem sombras nas pedras da rua e um olhar de princesa apareceu desenhado por elas, um olhar de ternura, tranquilo, afagador, como procuro quando a fadiga ganha a batalha sobre o corpo.
Para os partidos espanholitas quando um cidadão cubano é detido por infringir leis sociais ou constitucionais, é um preso político, mas se for um político da Catalunha, é apenas um político preso!
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez chamou «tirano» a Maduro por responder «com balas e prisões às ânsias da democracia». E eu, ignorante, a pensar que se referia à Guardia Civil e à Polícia Nacional, do Estado espanhol a responder com «balas e prisões às ânsias de democracia» dos catalães.
No Estado espanhol há políticos presos há 13 meses sem qualquer julgamento, certamente em nome da liberdade, da democracia e dos direitos humanos de Pedro Sanchez.
O ex-esquerdista e actual ministro dos negócios estrangeiros, disse em entrevista que «o tempo de Maduro chegou ao fim». Certamente referia-se ao tempo político! É com alguma ansiedade que aguardo que também decrete que chegou ao fim o tempo do príncipe Salman ou do general Al-Sissi, conhecidos democratas do Médio Oriente, profundos adeptos de «eleições livres e democráticas»!
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