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02/10/17

PARA ONDE FOI O AUTOR?

António Mesquita

Escher: "Drawing Hands"


"O sucesso de um autor não está garantido por nenhuma capacidade, nenhum saber, nenhum privilégio social, mas também não o está por qualquer autenticidade em relação ao real, ao profano, ao verdadeiro. O autor está entregue à lógica da economia cultural, perante ela está completamente desmunido."
"Du Nouveau" (Boris Groys)

E o contrário não será também verdadeiro?

Por mais incapaz e ignorante, por mais inautêntico em relação ao real, ao profano, ao verdadeiro, nenhum autor está, à partida, excluído do sucesso.

Neste caso, dificilmente poderíamos até falar de um autor. Seria a cultura de massas a simular uma autoria. A perfeita circularidade, como a mão de Escher desenhando-se a si própria.

Mas, para Derrida, "o novo é sempre um efeito da busca impossível de uma identidade entre o significante e o significado, de uma supressão da diferença que teria por efeito a clausura (clôture) do Outro da cultura." (ibidem)

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