Mário Faria
O BES vai apresentar um prejuízo de 3,6 mil milhões de €uros, no primeiro semestre. Ao que dizem, o naufrágio resultou da exposição do banco relativamente à dívida do grupo não financeiro. Ricardo Salgado era reconhecido e admirado, pela inteligência, capacidade, argúcia e audácia. Conhecia o negócio como poucos. Um banqueiro na melhor linha da aristocracia financeira mundial. (Dis)punha dos governos segundo a sua conveniência, sempre muito próxima dos superiores interesses da Nação. Despediu Sócrates com a mesma elegância como o apoiou no seu primeiro mandato. A Família administrou todos os activos de forma dinâmica, possuindo uma presença sólida em empresas com forte reputação, distribuídas por esse mundo fora, conforme se lê num relatório recente. Com tão boa gente e tanta competência, percebe-se mal como a Família pôde chegar a esta desgraça de que se conhece a ponta do iceberg, para já. Os poderes tentam abafar o descalabro. Percebe-se: os efeitos da tragédia passaram as fronteiras e os mercados ainda não decidiram entre salvar a coisa ou levar até às últimas consequências a morte da besta, salvando pelo caminho o quevaler a pena ser resgatado. O Governo tem fundos financeiros para recapitalizar o BES, mas a decisão virá de cima e de fora, e não é de excluir uma solução do tipo utilizado no Chipre. E estes homens são perigosos.
Com o BPN, Vítor Constâncio foi julgado como culpado por parte da opinião publicada,porque não exerceu o seu poder de regulador de forma competente. E provavelmente não o fez. Aliás, esta culpabilização serviu de instrumento para branquear os crimes cometidos pelos responsáveis do banco. E deu muito jeito à direita. José Oliveira e Costa é um reu sem culpa: o tempo amaciou a desgraça, está velho, cansado e doente. E sofre, coitado. A justiça não é cega e pode esperar. Entretanto, o sentenciado Vítor Constância espia as culpas no Banco Central Europeu na condição de vice-presidente. Coitado!
Carlos Costa (CC) exerceu a função de director geral do Millenium BCP entre 2000 e2003 e saiu, limpinho, limpinho, como reza a história. Entre 1993 e o final de 1999, foi Chefe de Gabinete do Comissário Europeu Prof. João de Deus Pinheiro. Pelas provas dadas, merece a total confiança dos que nos governam e a sua acção como regulador é tida como exemplar na supervisão bancária em geral e nas auditorias que o BP efectuou no BES, sob o seu comando; transformou os indícios bufados em provas sustentadas dos crimes cometidos contra o bom nome do banco e o seu património e tornou-se um herói. Mas não ficou por aí: deu um aval de confiança, garantindo que,apesar da maleita, o BES iria sobreviver e sair revigorado com os cuidados intensivos a que iria ser sujeito. Como sou do contra, quanto mais CC me tenta convencer que a situação é grave mas está controlada, mais preocupado fico. Intuo que fechou os olhos a muitas pistas que circulavam sobre a sanidade do BES, há muito tempo. Este tipo de homens nasceram para ser opacos e sempre estiveram próximos dos poderosos. Pensam e agem como eles, salvo quando caem em desgraça. Em CC, tudo soa a falso. Recebe elogios a torto e á direita. Estes homens são perigosos.
Carlos Costa e Durão Barroso, tão diferentes e tão iguais. Um curriculum vastíssimo e tanta superficialidade armada em sabedoria. Durão Barrosos, mais gordo e aparvalhado que CC, afirmou a propósito do Acordo de Parceria que: "Vinte e seis mil milhões de euros é uma pipa de massa, este dinheiro deve ser bem aplicado, que se calem aqueles que dizem que a União Europeia não é solidária com Portugal e com os países da coesão, trata-se agora de aplicar bem esses fundos". Estes homens são perigosos. São oportunistas e obedientes executores.
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