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01/08/16

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ISRAEL

Mário Faria

(Jardim da Arca de Água)


Não há dinheiro. Não há sanções. Gastam tudo e não cortam nada. Não estou morto. Olha embevecido para o discreto símbolo de Portugal na lapela de um casaco que já conheceu melhores dias e que invariavelmente o acompanha. Suspira pelas próximas eleições. Olha para a sua sombra. Está enorme. Invencível como o grupo lhe prometeu. Tem sede e fome. Pede uma francesinha e um fino ao empregado de bata branca. Solta um espilro sonoro. Cospe no chão. Preciso de sexo, grita. Ali não há mulher à vista.

Não tenho confiança neste governo. São feios, porcos e maus. Juros a zero por cento, não existe. Se existisse, não estava aqui. Os mercados estão podres. Não agem. Não castigam. Começa a chorar. Recompõe-se. Antes do fim do ano, vou ser ministra. Sou a melhor e comigo não se brinca. Sou boa, diz levantando as saias. Até lá, o meu cabelo vai cair. Tenho medo de ficar careca. E não suporto perucas. A minha mãe, também não.

Vê a televisão o dia todo. Ninguém o tira dali. Pode acontecer qualquer coisa. Quer estar preparado para fazer parte de um governo de salvação nacional. Serei o primeiro a saltar, promete. Tenho uma pedra no sapato. E não me deixa andar. Vou de autocarro ou de metro para a AR. O meu pai não gosta que viaje nos transportes públicos. Faz mal ao ego. E à saúde. Sempre me recomendou os submarinos. Um óptimo negócio. Tem um ataque de riso. Entalado, é salvo por um murro nas costas.

Tem medo de morrer, antes de provar a sua inocência. Fui o dono disto tudo, diz. Analisa mapas e quadros, cheios de números. E muitos gráficos inundados de cor. Pára, escuta e olha porque lhe querem tirar tudo. A inteligência, também. Dizem que sou corrupto e querem roubar-me. Estou muito cansado. Não consigo concentrar-me. Preciso de dormir. Gosto de estar aqui. É um lugar tranquilo, com muitas árvores e missa todos os dias. Baixa a cabeça e começa a chorar.

Tem o número sete na camisola. Todos os portugueses merecem esta vitória, diz. Sou o presidente de todos os portugueses. Meu pai foi rei em Moçambique. Ensinou-me a inventar factos. Minha mãe deixava-me brincar no Jardim e com ela aprendi a magia dos afectos. A crise é só fumaça. Os homens fumam muito e deixam beatas por todo o lado. Estou farto de varrer. Fecharam-me aqui. E dá um safanão no enfermeiro. 

É alto, magro, muito esticado, cabelo ralo e grisalho, discreto, simples e aprumado; anda assente na sola dos pés, deixando a ponta dos mesmos escorregar com uma inesperada suavidade. Normalmente, caminha acompanhado de uma senhora que pode ser mãe ou a esposa. Acompanha-a a uma distância de um metro. Nunca ouvi um som dele. Nem um gesto, para além dos movimentos de locomoção. Infelizmente, as festas da Senhora da Saúde arrancam, hoje, no meu jardim de Arca de Água. Os dois estavam sentados num dos poucos bancos que a organização não tomou. Ele parecia uma estátua, ela uma matrioska envelhecida. O som estridente da música não mudou o trejeito melancólico dele e do sofrimento dela.
O homem atravessou a avenida a correr em alta velocidade. Passou pela Casa Lemos, as tendas das farturas Adelina e Ramires, subiu até à gruta. Parou junto de mim. Reconheceu-me. Tapou os ouvidos, antes de falar. Há anos que não via o Karaté Kid. Desde a morte da sua avó. Embora jovem, as marcas do rosto não enganavam a erosão provocada pela doença. Cumprimentou-me. Fez um silêncio em que não interferi. Estou muito zangado: não fui convocado para os jogos olímpicos, disse. Reparei que o equipamento, próprio de quem pratica artes marciais, está muito puído. Dei-lhe tempo para desabafar. Estava perturbado. Adeus, gritou já em passo de corrida, cada vez mais depressa e a gritar: “ISRAEEEL, ISRAEEEL,ISRAEEEL”.  

 Nota: Gonçalo M. Tavares é citado neste artigo. 

CICUTA



António Mesquita



(La mort de Socrates, J.L. David)


"A Necessidade é um laço que nos cerca, uma corda cheia de nós (peîrar) que retém tudo no seu limite (péras). 'Deî', 'é necessário', palavra fundadora, aparece pela primeira vez na 'Ilíada': "Por que é necessário (deî) que os Argivos entrem em guerra contra os Troianos?"

(Roberto Calasso)

Lawrence volta atrás nas 'Bigornas do Sol' para trazer o nómada que caiu do camelo, quando todos já o tinham abandonado à sua sorte. No regresso, diz apenas: "- Nada está escrito." O seu gesto era a lição do 'Ocidente', contra o fatalismo dos povos do deserto.

Mas os Gregos aprenderam outra coisa. A noção de limite, a que os próprios deuses estavam submetidos. Zeus é 'obrigado' a metamorfosear-se para conseguir obter os favores de uma ninfa. E Hera, a esposa, tem de contemporizar, de uma maneira ou de outra. Eram deuses demasiado humanos, demasiado políticos? Sem dúvida. Comte diria que não tinham ainda atingido a idade teológica, em que se perde o limite terreno.

Poderemos falar em necessidade a propósito do mundo quântico? Num primeiro juízo parece que não. Mas desprezámos as outras dimensões. E quando se fala em mundos dentro de mundos, a contradição não é, talvez, mais do que retórica.

Quando as doutrinas económicas se tornaram uma espécie de consenso mínimo entre as elites, podemos reconhecer nos seus argumentos a antiquíssima ideia da Necessidade. Mas travestida em 'ciência', 'realismo', 'lei da vida' ou outra coisa qualquer.

É o 'Tina', são os gurus. Sócrates ainda teve tempo de aprender música. Mas agora devemos ter como o único pensamento a cicuta regulamentar.


CARTAS DE SANTA MARIA

(Alegrete)


Alegrete, 31 de Julho 

Entrei pela fronteira de La Rabaza e atravessei o Parque Natural de S. Mamede. Mesmo que não existisse sinalização, saberíamos sempre onde se localiza a fronteira. A estrada estreitece, os limites aproximam-se, quase conversam de tão próximos. Entrar em território nacional é mudar a escala de grandeza. Tudo parece mais pequeno e no entanto, o nosso olhar parece mais identificado com esta exiguidade. Gostava de ter passado neste espaço na Primavera, pois o verde que encontraria na mistura de outras cores emprestaria outro encanto à paisagem. Foi uma passagem serena, tranquila através do silêncio de um calor que fazia estremecer o horizonte. Predomina o amarelo, queimado, há longo tempo sem poder saciar a sede. Alegrete é uma pequena aldeia, sede de freguesia. No cimo do morro, a antiga vila rodeada pelas muralhas do castelo. Em espaço de fronteira, Alegrete viveu todos os momentos fracturantes da história. Após a permanência árabe, ao longo de quatro séculos, será D. Dinis a conceder-lhe foral, a edificar o castelo, a muralha e a torre de menagem. Por aqui estacionaram as tropas de D. Nuno Alvares aquando da batalha dos Atoleiros. Cinco séculos volvidos, Alegrete volta a estar do lado da revolta que aponta para o futuro, apoiando as tropas liberais. Em 1855 retiram-lhe a categoria de concelho. Mas a minha passagem por Alegrete não teve a ver com o lugar e a sua história, mas com a intenção tantas vezes adiada de visitar um amigo. Os amigos são essas pessoas que fazem parte de nós, são um pouco dos nossos sentimentos e emoções. Procuramo-los quando nos fazem falta, na certeza de haver uma porta que se abre para nós. Por vezes, esse porto de abrigo que são os amigos, também se manifesta na partilha das ideias e de ideais. Podemos não conhecer o outro, mas sabemos que tem algo de importante em comum connosco, e essa porta comum é suficiente para que a nossa se abra em boas-vindas. Mas a amizade está presente numa outra escala, tanto de valores como de sentimentos. Vive-se muitas vezes ao nível dos afectos e como a amizade não conhece géneros, por vezes, transforma-se até num grande amor, sem nunca perder as linhas essenciais que caracterizam esse sentimento mútuo de proximidade. A internet diz-nos que a amizade «é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo» e as Nações Unidas convidou os países a celebrarem o Dia da Amizade a 30 de Julho. Saint-Exupéry deixou-nos livros maravilhosos sobre o relacionamento humano, sobre a amizade entre os seres tão complexos que habitam este nosso planeta. Milhares de horas passadas no deserto ou a bordo de lentos aviões, proporcionaram-lhe momentos de grande e intensa reflexão, visíveis em qualquer uma das obras que nos deixou, mas em O Principezinho, leva essa reflexão para uma escala maior, mais intensa, de uma beleza encantatória. Os diálogos com o pequeno príncipe deixam-nos nessa impossibilidade de entender a violência, os gestos gratuitos, a vaidade, o egoísmo, digamos, a maldade humana. Quando lemos que a ideia de um tesouro escondido numa casa lhe dá todo o encanto, mesmo que não exista, porque o que dá a beleza às coisas é invisível, ajuda-nos a compreender o verdadeiro sentimento da amizade, do nosso relacionamento próximo com alguém, essas pessoas que nos surgem na vida sem as procurarmos, mas que não nos deixam dúvidas quando as encontramos. É certo que existem amizades e amizades, mas o superlativo que as diferencia está talvez nessa intimidade amorosa que em alguns casos é possível acrescentar-lhe, uma espécie de namoro, entendido como uma «relação afectiva mantida entre duas pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas». De qualquer forma, qualquer que seja o grau de uma amizade, implicará sempre a existência de dignidade e lealdade. Saint-Exupéry admirou a fidelidade que o principezinho tinha para com uma flor do seu planeta. Por mim, prefiro, a palavra lealdade e acrescentava, o escritor, que a imagem dessa rosa brilhava nele como uma candeia e para que esta nunca se apague temos de a proteger contra as rajadas de vento. As amizades também implicam essa necessidade de protecção, pois se as deixarmos abanar por qualquer vento inesperado, ou se as deixarmos mesmo apagar, é seguramente uma parte de nós que se extingue, que escurece e a beleza do mundo que contemplamos, não só perde parte dessa beleza como nos escurece o caminho. O diálogo entre o pequeno príncipe e as restantes rosas é sublime. Vocês «ainda não são nada» porque ainda «não cativaram ninguém» nem «ninguém vos cativou». A amizade é de facto um caminho de dois sentidos, não podendo ser apenas um a percorrê-lo, é uma construção dupla e contínua. Amizade, implica cativarmos alguém e cativar, «significa criar laços», disse a raposa, «se me cativares, precisaremos um do outro. Para mim, tu passarás a ser único no mundo. E eu passarei a ser única no mundo para ti…». Nesse instante, o principezinho descobre que há uma flor na sua vida que o cativou. Talvez os seres humanos procurem, sem o saber, uma amizade, um entrelaçar de palavras, de olhares, de sentimentos, emoções e afectos, e tão cansados dessa procura, nem reparam, quando encontram esse porto seguro e que não basta chegar e aportar, é necessário, criar laços com o cais que nos recebeu. E quantas vezes compreendem tarde de mais que sem esse compromisso a amizade tende a vulgarizar-se numa relação normal e corrente como a aquela que temos com qualquer outro ser humano que se cruza com a nossa vida. Fiz pois, um desvio por Alegrete, para saldar uma promessa antiga.   


Fernão Vasques*

* Por favor, não me confundam com o corajoso alfaiate que em 1371 ousou desafiar, em nome do povo, O Formoso e a futura rainha. Sou apenas um sonhador, digo eu, dos finais do século XX com endereço em Santa Maria das Júnias. São duas ruínas que se amparam, as minhas e as do mosteiro.

BAIXA POLÍTICA AMEAÇA A CAIXA


Manuel Joaquim
(Caixa Geral de Depósitos) Foto:RR


Durante vários meses fomos bombardeados com comentários sobre a multa que ia ser aplicada a Portugal por não ter dado cumprimento no ano anterior às percentagens estabelecidas para o deficit. A multa não foi aplicada. O assunto, para já, morreu. 

O que passou a alimentar os comentários, é o problema da recapitalização da CGD e do atraso na nomeação da sua nova administração. 

O governo do PS, particularmente o seu Ministro das Finanças, é acusado de tentar encobrir os problemas existentes, de manter em segredo os valores necessários para a recapitalização e de não nomear a administração, problema que terá em mãos praticamente desde Janeiro passado. Entretanto, legislou sobre o aumento dos salários dos futuros administradores, decisão que teve a compreensão e apoio do Presidente da República mas não de partidos da esquerda que apoiam o Governo.  

 O PSD e CDS e seus correligionários de diversos matizes, responsáveis pela governação do país até ao final do ano passado, mostram-se muito indignados pela situação em que se encontra a instituição. Tentam acusar o Governo de Sócrates (PS) e o seu amigo Armando Vara pelos problemas existentes.  

Não dizem que, em 40 anos, desde 1976 a 2016, a CGD teve 13 Conselhos de Administração, 10 presididos por personalidades do PSD e 3 por personalidades do PS. Não falam dos acordos secretos que efectuaram – PS, PSD e CDS – para a nomeação dos Conselhos de Administração e de quadros superiores do banco e das empresas do grupo, acordos extensivos às entidades supervisoras de todo o sector financeiro. 

Acusar o governo de Sócrates e Armando Vara das dificuldades da CGD é tentar manipular as pessoas ingénuas que não têm conhecimentos que lhes permitam avaliar com rigor a situação.

Não falam dos empréstimos efectuados à UGT, dos 4100 milhões de euros para o BPN, dos financiamentos para aquisição de acções do BCP. Não falam das instruções dadas pelos aparelhos partidários, ao mais alto nível, aos administradores que lá colocaram, para realizarem participações financeiras em grandes empreendimentos, servindo de muletas ao capital privado onde tinham interesses directos e indirectos, para depois o Banco vender, muitas vezes, com menos-valias. Hotéis no Algarve, hospitais privados no norte, companhias de seguros nasceram assim.  Seria interessante saber quem são os proprietários de muitos balcões que a CGD tem, como foram efectuados e quem fez os contratos de arrendamento, quais as rendas que pagam e se esses proprietários foram ou são dirigentes do PSD. 

A indignação de Passos Coelho e companhia, é manifestada pelo facto de não ter conseguido privatizar a CGD, compromisso que terá assumido e que lhe daria acesso a um bom tacho lá fora, seguindo as pisadas de outros.  

Por isso, acusar o Ministro das Finanças de tentar encobrir os problemas da CGD é falacioso, pois, os acusadores conhecem bem os problemas que lá criaram.

Acusar o Ministro das Finanças de manter em segredo os valores necessários para a recapitalização e de não nomear o Conselho de Administração é fazer baixa política, explorando, de forma oportunista, a ignorância das pessoas sobre um grave problema que Portugal enfrenta, para o qual o PS, PSD e CDS contribuíram. 

Em Junho de 2012, os Chefes de Estado e de Governo da União Europeia, decidiram criar a União Bancária, para controlar os bancos, constituída por três pilares: mecanismo único de supervisão; mecanismo único de resolução e o sistema de garantia dos depósitos. A partir de Novembro de 2014 o Banco Central Europeu ficou responsável pela supervisão de 130 maiores bancos europeus, sendo quatro de Portugal – CGD, BCP, BPI e Novo Banco. 

O mecanismo único de supervisão é retirar qualquer controlo público sobre os respectivos sistemas financeiros e criar as condições convenientes para a concentração, a nível europeu, do sector financeiro, que está em curso. 

Assim, quem determina o que fazer na CGD, desde a nomeação do Conselho de Administração, as remunerações dos administradores, as políticas de gestão, os rácios de capital e de risco, condicionando as políticas de financiamento das PME e da economia em geral, é o BCE e não o governo português. 

Planos de despedimento de milhares de trabalhadores, encerramento de balcões que servem muita população, venda do negócio do mercado internacional, que é lucrativo (captação de poupanças dos emigrantes), estão em discussão. 

Os despedimentos de trabalhadores e encerramento de balcões retiram capacidade comercial ao Banco, implicando custos financeiros muito elevados.

Os valores para a recapitalização também estarão em discussão. Vão ser consideradas todas as necessidades de capital ou não? Se não, dentro de pouco tempo o problema volta. A recapitalização vai ser considerada como tal ou será como empréstimo, agravando o deficit orçamental de 2016/2017? 

São problemas muito sérios que, obviamente, pretendem condicionar as políticas do actual governo. 

É cada vez mais evidente que Portugal é um país colonizado. Isto acontecerá enquanto o Partido Socialista decidir manter a mesma politica em relação à União Bancária, ao Tratado Orçamental, à União Económica e Monetária. 





                                                                                                                           

E AGORA, EUROPA?

Mário Martins

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Diz-se que uma das razões por que a maioria (52%) dos cidadãos do Reino Unido que votaram (72%) a saída da União Europeia, 43 anos depois de terem entrado na Comunidade Económica Europeia, foi o medo da imigração. No entanto, os saldos migratórios (diferença entre os que entram e os que saem) oficiais indicam que, no conjunto dos últimos 10 anos, apenas 36% dos imigrantes eram originários da UE e que dos 64% que provieram de fora da UE 48% não eram da Commonwealth. Se nos fixarmos no ano de 2015 metade da migração para o Reino Unido teve origem na UE e a outra metade fora da UE (desta apenas 39% veio da Commonwealth). Numa palavra, pelo menos metade da migração para o Reino Unido é resultado exclusivo da sua política doméstica.

Entretanto, o anterior presidente da UE, Durão Barroso, atirou as culpas pela decisão de saída para o primeiro-ministro inglês, David Cameron, descartando, assim, a responsabilidade de líderes comunitários sem sentido europeu*, mas parece claro que quem comandou o processo político do Brexit (o qual, ironicamente, poderá pôr em causa a integridade do próprio Reino Unido) foi a extrema-direita britânica.

Se a União Europeia sobreviverá ao Brexit – afinal de contas diz-se que o Reino Unido estava dentro da UE com um pé fora e que agora está fora da UE com um pé dentro – não creio que aguente um eventual Frexit. A França é um membro fundador da então CEE, nos idos de 1957 e, malgré tout, um moderador do poderio alemão. Mas é para aí que aponta o aplauso caloroso de Madame Le Pen ao discurso de vitória, no Parlamento Europeu, de Mister Farage. Bem situada nas sondagens das eleições presidenciais da próxima Primavera, a líder da extrema-direita francesa não perderá a oportunidade de reclamar a saída da França da UE e a realização de um referendo.

Numa Europa economicamente decadente e politicamente à deriva, incomodada por uma religião islâmica viva que não distingue o político do religioso, assediada por vagas de emigrantes e de refugiados, e amedrontada pela ameaça terrorista, os ventos correm de feição para quem defende o ideário nacionalista, o regresso do controlo das fronteiras e músculo securitário. 

*Um exemplo de como vai a UE é a forma leviana e quase provocatória como Bruxelas vem tratando a estafada questão das sanções a Portugal pelo desvio de décimas do défice público de 2015, expondo o país a uma crescente desconfiança dos mercados financeiros, em vez de flexibilizar metas sem alterar a trajectória. Por este andar, ou a União Europeia muda ou acabaremos a discutir um eventual Portuguexit…

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