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01/07/14

A LESTE DO PARAÍSO

António Mesquita

Hoje, 16 de Junho, dia em que escrevo esta crónica, passei pelos Poveiros e ladeei o jardim de S. Lázaro que tantas vezes ateavessei no caminho da escola.

Parecia parado no tempo, com os seus quatro portões fechados como que protegendo a bela sombra das suas árvores com o pequeno lago no meio e perto de uma fonte que já vi algum aluno das Belas Artes ( a escola fica a cem metros) a desenhar, mais os seus caracóis de mármore. Não estava, de facto, vivalma lá dentro.

Com essa decisão do município, subitamente, o prosaico jardim junto à velha Biblioteca, ganhou um mistério inesperado. Lembrei-me logo do filme de Vittorio de Sicca sobre os Fizzi-Contini e da Dominique Sanda a dar um pulinho para olhar para além do muro.

Tínhamos ficado do lado de fora a olhar por cima do gradeamento aquele silêncio surpreendente misturado ao perfume das tílias. Mas, enfim, aquele era, apesar de tudo um espaço público e não seria exorbitante pedir um aviso qualquer a explicar a estranha ocorrência (confesso que não dei a volta). Perguntei a uma varredora da câmara pelo que se passava e também ela se dava agora conta que o jardim estava mesmo fechado. Depois do almoço voltei a passar por lá e o gradeamento estave cheio dos habituais fregueses dos bancos do jardim, alguns comendo a sua bucha e a olhar para aquela frescura posta em sossego. Pareceu-me que eles eram um pouco como aquelas pessoas que vão para a Foz contemplar as ondas (não o mar).

Diga-se o que se disser, ele há poderes de todos os feitios e tamanhos, embora nos queiram fazer crer que o que conta faz parte da gente da televisão (com a excepção do Facebook do presidente).

Porque a televisão está longe de ser apenas a empresa, pública ou privada, que conta histórias de adormecer em pé a milhões de dependentes. Está tão entranhada nos vários modos de fazer política e de representar o mundo político-partidário que usurpou o nosso direito a ter uma opinião própria, e, como diz Jerry Mander merecia bem que se acabasse com ela.

Reconheço que este foi um 'triplo salto mortal' na lógica do que eu estava a dizer sobre um dos mais conhecidos jardins do Porto...mas está tudo ligado, como diz o outro.

 

 

 

 

 

 

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